O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, acusou a Rússia de entregar intencionalmente os corpos de 20 soldados russos e de um cidadão israelense a Kiev, em vez dos corpos de ucranianos, em uma violação do acordo de troca de militares mortos entre os dois países.
“Acreditamos que estejam fazendo isso deliberadamente para mostrar quantos corpos ucranianos supostamente possuem” e para minimizar o número de soldados russos mortos, disse Zelensky em uma entrevista à imprensa na sexta-feira, 20, cujas informações só puderam ser divulgadas neste sábado.
Em nota, o Ministério da Defesa da Rússia afirmou que “um grupo de militares russos foi devolvido do território controlado pelo regime de Kiev”, e que “em troca, um grupo de prisioneiros de guerra das Forças Armadas Ucranianas foi transferido”.
Os dois países anunciaram a nova etapa da troca de prisioneiros na quinta-feira, após um acerto no começo do mês em negociações na Turquia. Ao todo, 12 mil corpos serão trocados, seis mil de cada lado, segundo prevê o acordo. Na primeira etapa, ambos trocaram prisioneiros de guerra feridos, gravemente feridos e menores de 25 anos.
Segundo análise do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, sediado em Washington, até 250.000 soldados russos podem ter morrido entre fevereiro de 2022 e maio de 2025. Entre os militares ucranianos, o número para o mesmo período gira entre 60.000 e 100.000 mortes. Segundo estimativa das Nações Unidas, cerca de 13.000 civis ucranianos também morreram — o primeiro trimestre de 2025 teve um aumento de 59% em comparação com 2024.
Sem os presidentes Volodymyr Zelensky e Vladimir Putin à mesa, no entanto, as tratativas não conseguiram avançar em direção a um cessar-fogo. Na sexta-feira, 20, a Rússia disse esperar chegar a um acordo com a Ucrânia na próxima semana sobre um data para uma terceira rodada de negociações.
O conflito se intensificou nas últimas semanas, com a Rússia realizando alguns dos ataques aéreos mais pesados da guerra e a Ucrânia organizando ataques surpresa com drones em campos de aviação em 1º de junho, que causaram sérios danos à frota de bombardeiros com capacidade nuclear da Rússia.
