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Xingu fecha o ano com soltura espetacular de tartarugas

A soltura de tartarugas é sempre um espetáculo. Um bando de filhotes, tão pequenos que parecem desaparecer na palma da mão, corre em direção às águas para ganhar a vida e o horizonte. E quanto maior o grupo, maior a cena. Na primeira semana de dezembro, cerca de 3.500 filhotes de tartaruga-da-Amazônia, tracajás e pitiús foram liberados no Rio Xingu, no Refúgio de Vida Silvestre Tabuleiro do Embaubal, em Senador José Porfírio, no sudoeste do Pará. O local é reconhecido como um dos mais importantes berçários naturais de tartarugas de água doce da América do Sul, tanto pela extensão da área quanto pela dimensão de suas populações.

“Ver cada filhote chegar à água é a síntese de um trabalho constante, que envolve monitoramento, ciência e participação da comunidade”, afirma Roberto Silva, gerente de meios físico e biótico da Norte Energia, ao destacar o impacto do programa na conservação das espécies nativas. A ação foi promovida pela Usina Hidrelétrica Belo Monte, por meio da Norte Energia, em parceria com o Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Pará (Ideflor-Bio) e o Ibama. Desde 2011, o projeto mantém a tradição da soltura, fortalecendo a sobrevivência de espécies essenciais ao equilíbrio ecológico do Xingu. “São ações que fortalecem as comunidades locais e ajudam a manter a floresta em pé”, completa.

A relevância do Tabuleiro do Embaubal está nas condições ambientais únicas que oferece para a reprodução dessas espécies. Durante o período de seca, extensos bancos de areia se formam ao longo do Xingu, criando ambientes ideais para a incubação dos ovos, com temperatura, luminosidade e características do solo adequadas ao desenvolvimento dos embriões. Essas condições permitem a reprodução simultânea de milhares de fêmeas, garantindo a reposição natural das populações de quelônios na bacia do rio.

Além da importância ecológica, o berçário desempenha papel estratégico na conservação da biodiversidade amazônica. Espécies como a tartaruga-da-Amazônia apresentam crescimento lento e maturação tardia, o que torna a proteção dos ninhos e dos filhotes fundamental para a manutenção das populações ao longo do tempo. As ações de monitoramento, manejo e soltura reduzem significativamente a mortalidade, combatem a coleta ilegal de ovos e fortalecem práticas de conservação junto às comunidades locais.

A preservação do Tabuleiro do Embaubal também contribui para o equilíbrio dos ecossistemas aquáticos do Xingu. Os quelônios exercem funções essenciais, como a ciclagem de nutrientes e a dispersão de sementes, reforçando a importância do refúgio não apenas como área de reprodução, mas como elemento-chave para a saúde ambiental da região amazônica.

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