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Voluntário no exército da Ucrânia, brasileiro pisa em mina russa proibida e amputa o pé

O maranhense Rafael Paixão de Oliveira, 29 anos, que se voluntariou para lutar com o Exército da Ucrânia na guerra contra a Rússia, pisou em uma “mina-borboleta”, um tipo de mina terrestre proibida pelas leis internacionais, e precisou amputar o pé esquerdo na quarta-feira 2. Segundo sua irmã, a assistente social Karol Paixão, o incidente ocorreu justamente quando ele e um colega da unidade iam buscar dois outros soldados para substituí-los após o fim de uma missão, que havia durado 21 dias.

Rafael deu a notícia sobre a amputação numa chamada de vídeo com a família, contando que já estava se recuperando. Nesta quinta-feira, 3, em ligação com a irmã, contou que sentia dores, mas os medicamentos analgésicos deixavam a situação sob controle.

“Ele nos tranquilizou, dizendo que o mais importante era ele estar vivo”, contou Karol a VEJA.

De acordo com o relato do jovem à família, depois do fim de uma operação, os soldados são encarregados de buscar seus substitutos em uma base para realizar uma “rotação”. Era justamente o que ele ia fazer quando, a caminho da base numa parte remota do país europeu, pisou em um explosivo. As minas-borboleta, ou PFM-1, são altamente sensíveis, ativadas com menos de 5kg de pressão, e muito pequenas. Embora seus explosivos levem a danos sérios, seu tamanho expõe áreas menores do corpo.

Os dispositivos são proibidos por leis internacionais, mas têm sido usados pela Rússia na Ucrânia.

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“Com o pé já quase separado do corpo, ele fez um torniquete e, com a ajuda do amigo, se arrastou por nove quilômetros até o hospital mais próximo”, diz Karol. “Acho que se fosse outro tipo de mina, ele não teria sobrevivido.”

Rafael Paixão de Oliveira faz parte de grupo de voluntários na guerra na Ucrânia há dez meses. -
Rafael Paixão de Oliveira faz parte de grupo de voluntários na guerra na Ucrânia há dez meses. –X/Reprodução

Ainda não está claro quando Rafael vai receber a dispensa, mas sua irmã diz ter esperança de poder buscá-lo e trazê-lo de volta ao Brasil até o fim deste mês. Depois de finalizar o contrato por razões médicas (o acordo de voluntariado no Exército se estenderia até o final de agosto), deve receber uma prótese ainda na Ucrânia e, em seguida, viajar para Amsterdã, onde tem família. Karol deve ir da cidade de Imperatriz (MA) até a capital holandesa para buscar o jovem.

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Será o desfecho de uma história que deixou sua família angustiada em diversas ocasiões. Poucos dias antes de Rafael ser amputado, o grupo formado por combatentes voluntários do qual ele era integrante foi atacado por militares russos, segundo informação extraoficial repassada diretamente à mãe dele, Nêila Paixão.

A família diz que ficou do dia 10 a 26 de junho sem receber informações do jovem, e houve uma confusão sobre sua possível morte: um amigo de guerra — sem contato direto com Rafael e diante da gravidade do ataque — acreditou que todo o batalhão havia sido destruído e avisou a família. Uma campanha de amplo alcance na internet para descobrir acabou chegando até autoridades ucranianas, que o encontraram na linha de frente e deram um celular para que falasse com a mãe.

No início de abril, um episódio semelhante: a família descobriu que Rafael sobreviveu a um bombardeio depois de Nêila ter recebido uma ligação da Ucrânia informando que o filho não teria resistido a ferimentos durante os ataques aéreos. No dia seguinte, porém, o comando do exército comunicou oficialmente que seu filho estava no grupo de sobreviventes.

Rafael se juntou ao Exército na Ucrânia há cerca de dez meses. Tentava a vida no exterior, tendo morado em Amsterdã por dois anos, quando ele e um grupo de amigos decidiram se juntar às forças ucranianas para lutar contra a invasão russa. Sem treinamento militar até se voluntariar no ano passado, trabalhou um período como agente penitenciário em Imperatriz, no Maranhão.

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