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Vídeo: sobreviventes de ataque dos EUA se agarraram a barco por horas antes de 2ª bomba

Uma filmagem que mostra a íntegra do ataque promovido pela Marinha dos Estados Unidos contra uma embarcação suspeita de narcotráfico foi apresentada a senadores americanos na quinta-feira, 4, e gerou preocupações. Segundo informações da agência de notícias Reuters, o registro foi exposto a portas fechadas, e mostra dois sobreviventes que permaneceram agarrados aos destroços do barco por uma hora inteira antes de um segundo bombardeio matá-los.

“O vídeo os acompanha por cerca de uma hora enquanto eles tentam virar o barco de volta. Eles não conseguiram fazer isso”, contou uma fonte à Reuters.

As novas imagens são referentes a um ataque ocorrido em 2 de setembro, cujo registro parcial foi compartilhado pelo presidente americano, Donald Trump, em uma publicação em sua rede, a Truth Social, no mesmo dia. Na época, o líder republicano afirmou que a ofensiva mirava “narcoterroristas do Tren de Aragua”, uma organização criminosa venezuelana, identificados pelo Comando Sul dos Estados Unidos. Ele comemorou o ataque, afirmando desejar que “isso sirva de aviso para qualquer pessoa que pense levar drogas” ao país.

Porém, a gravação completa revela que alguns tripulantes sobreviveram ao primeiro bombardeio. O vídeo mostra dois homens agarrados a um destroço da frente da embarcação, em meio a nuvens espessas de fumaça. Os dois estavam sem camisa, desarmados, e não pareciam portar qualquer equipamento de comunicação. A dupla se mostrava confusa, como se não soubesse o que havia acabado de atingi-los.

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Enquanto os homens tentavam se salvar, o almirante Frank Bradley, à época chefe do Comando Conjunto de Operações Especiais, chegou à conclusão de que os destroços seguiam flutuando devido à presença de cocaína, e que se ficassem à deriva por muito tempo, poderiam ser resgatados. Isso fez com que ele decidisse atacar a embarcação novamente, uma forma de garantir que a missão dada pelo Secretário de Defesa, Pete Hegseth, seria cumprida.

“Era possível ver seus rostos, seus corpos. E então, boom, boom, boom!”, descreveu à Reuters uma fonte que assistiu ao vídeo, imitando o som das três munições disparadas sob ordens de Bradley que atingiram a embarcação.

Muitos dos senadores presentes manifestaram preocupação com o conteúdo do vídeo, que dá fôlego ao argumento de que Hegseth e os demais oficiais envolvidos no ataque teriam cometido um crime de guerra. De acordo com a Convenção de Genebra, é proibido durante um conflito atingir pessoas “que se encontrem no mar e que estejam feridas, doentes ou náufragas”, e o documento determina ser necessário “tomar todas as medidas possíveis para buscar e resgatar os náufragos, feridos e doentes”, inclusive do inimigo.

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“Qualquer americano que assistir à gravação verá os militares dos Estados Unidos atacando marinheiros náufragos”, disse o democrata Jim Himes, congressista por Connecticut, que definiu o vídeo como “uma das coisas mais perturbadoras” que já viu em sua carreira.

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Já o senador republicano Tom Cotton, do Arkansas, avaliou que os sobreviventes estavam tentando “virar um barco carregado de drogas para continuar lutando”, um argumento rebatido com veemência por especialistas em direito internacional, como o professor da Universidade de Nova York Ryan Goodman. “Gostaria muito de saber como o senador conseguiu perceber que esses náufragos tentavam ‘continuar a luta’ ao invés de se agarrarem à vida desesperadamente em um esforço para sobreviver”, disse o analista nas redes sociais.

A revelação das imagens ocorreu no mesmo dia em que o Pentágono anunciava o 22º ataque em águas internacionais da região do Caribe, que matou quatro homens. O Comando Sul dos Estados Unidos divulgou registros da ofensiva nas redes sociais, chamando-a de um “ataque cinético letal contra uma embarcação operada por uma Organização Terrorista Designada”. Desde o início da campanha militar, pelo menos 87 pessoas perderam a vida nos bombardeios.

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A pressão cresce sobre o governo Trump para apresentar bases legais que justifiquem a operação. A Casa Branca afirma estar em guerra com cartéis de drogas, uma vez que substâncias tóxicas matam cerca de 100 mil americanos por ano, e portanto os ataques seriam legítimos. No entanto, uma declaração de guerra precisaria, segundo a Constituição, do aval do Congresso, enquanto juristas denunciam que todos os ataques — não só o de 2 de setembro — constituem execuções e violam o direito internacional.

A divulgação do vídeo agravou o cenário, principalmente após o jornal americano The Washington Post revelar que Hegseth havia dado uma ordem verbal para que os militares “matassem todos eles” — algo que o almirante Frank Bradley negou.

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