Imagens gravadas nesta sexta-feira, 5, capturaram o momento em que um ataque israelense atingiu a Torre Mushtaha, um arranha-céu localizado a oeste da Cidade de Gaza, o segundo prédio mais alto do enclave. O bombardeio ocorre em meio à ofensiva das Forças de Defesa de Israel (FDI, na sigla em inglês) que pretende invadir e tomar a cidade.
O vídeo mostra uma grande explosão. Em seguida, o edifício desaba, reduzido a uma pilha de escombros, enquanto os moradores fogem da área.
“Eles disseram que bombardeariam o terceiro andar. A torre foi completamente destruída em apenas 30 minutos”, disse Abu Muhammed al-Ghazli, um morador deslocado. “Estamos resistindo apesar dessa destruição.”
Em um comunicado, as IDF confirmaram a realização do bombardeio, alegando que a torre estava sendo usada pelo Hamas. Os militares enfatizaram que “medidas de precaução foram tomadas para minimizar os danos aos civis antes do ataque”.
A administração da Torre Mushtaha negou as alegações, segundo a emissora Al Jazeera, cuja sede é no Catar, afirmando que o local era acessível apenas a pessoas deslocadas.
O episódio ocorreu logo após o ministro da Defesa israelense, Israel Katz, prometer “abrir os portões do inferno em Gaza”. Escrevendo no X (ex-Twitter), ele declarou: “Uma vez aberta a porta, ela não será fechada, e o exército israelense aumentará sua atividade até que os assassinos e estupradores do Hamas aceitem as condições de Israel para o fim da guerra.”
O Exército de Israel intensificou a ofensiva cujo objetivo é tomar controle da Cidade de Gaza, o maior aglomerado urbano do enclave, onde ainda vivem mais de 800 mil pessoas.
Em entrevista a VEJA, Francesca Albaneses, a relatora da ONU para os territórios palestinos ocupados, alertou que a operação significa uma catástrofe iminente para os civis já combalidos pela situação generalizada de fome. Segundo ela, o local se transformou em um enorme campo de refugiados, abrigando pessoas deslocadas de cidades por todo o território que perderam suas casas e vivem em tendas improvisadas ou abrigos, sem ter para onde ir.
As forças israelenses, que já estabeleceram controle sobre 40% da cidade, afirmam que o avanço é necessário para eliminar os últimos bolsões do Hamas. O primeiro-ministro do país, Benjamin Netanyahu, indicou intenção de tomar não só essa área, mas toda a Faixa de Gaza.
Em entrevista à Al Jazeera, o analista militar Elijah Magnier afirmou que Israel está mirando prédios altos para minimizar o potencial de baixas entre seus soldados conforme eles avançarem por terra, ao mesmo tempo em que espalha “pânico e medo” entre a população civil.
“Isso também tem uma vantagem psicológica”, observou o especialista. “Destruir (os prédios na) linha do horizonte cria choque, desorientação, medo e pânico entre os civis” que “não têm visibilidade do futuro ou de quando esta guerra terminará”.
Ele acrescentou: “Isso é uma preparação para ocupar a Cidade de Gaza.”
A guerra começou em 7 de outubro de 2023, quando terroristas liderados pelo Hamas lançaram um enorme ataque contra Israel, executando 1.200 pessoas e sequestrando mais de 250. Desde então, Israel realizou operações militares generalizadas em toda a Faixa de Gaza, levando à morte de mais de 63 mil palestinos e deixando ao menos 16o mil feridos, de acordo com o Ministério da Saúde local, administrado pelo Hamas.