Um momento de ternura em meio à natureza selvagem viralizou nas redes sociais. Um vídeo gravado no Pantanal mostra uma fêmea de tamanduá-bandeira caminhando à noite com o filhote nas costas enquanto se alimenta de cupins. A cena foi registrada pelos biólogos e fotógrafos Thiago Silva-Soares e Gustavo Figueirôa, que acompanharam o animal por mais de 20 minutos sem interferir em seu comportamento natural.
O encontro foi publicado no Instagram no começo de outubro e já ultrapassa 700 mil visualizações. Nas imagens, os pesquisadores aparecem em silêncio, observando o animal a menos de três metros de distância. “Em mais de uma década de experiência no Pantanal, esse foi o encontro mais incrível com um tamanduá-bandeira que já tive, sem dúvida”, escreveu Gustavo na legenda. Ele descreveu que a fêmea se aproximou com calma, não percebeu a presença deles e, após se alimentar, se afastou tranquilamente. “Afinal, ela ainda tem literalmente uma criança nas costas para cuidar”, completou.
Por que a cena é tão especial?
De acordo com registros da National Geographic, esse tipo de comportamento é raríssimo. Os tamanduás-bandeira são animais solitários, com baixa taxa reprodutiva, e geralmente evitam o contato próximo com outros indivíduos da espécie. Além disso, os filhotes desenvolvem uma camuflagem eficiente: suas listras se alinham às da mãe, o que os torna quase imperceptíveis sobre o dorso.
Os pequenos permanecem nas costas da fêmea por até seis meses, fase em que aprendem a se alimentar e a explorar o ambiente sob proteção. A independência total costuma chegar apenas por volta dos dois anos de idade. O flagrante ganha ainda mais relevância por ter ocorrido durante a noite, período em que o tamanduá-bandeira é mais ativo, mas em geral evita áreas abertas e dificilmente é filmado com tamanha nitidez.
Um lembrete sobre a conservação
O tamanduá-bandeira é uma das espécies mais emblemáticas do Cerrado e do Pantanal, mas está classificado como vulnerável à extinção pela União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN). A perda de habitat provocada pelo desmatamento, as queimadas recorrentes e os atropelamentos em rodovias estão entre as principais ameaças à sua sobrevivência.