O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Pete Hegseth, anunciou nesta sexta-feira, 7, um novo ataque a um suposto barco de narcotráfico no Caribe. O bombardeio matou os três tripulantes a bordo, subindo o número total de mortos da campanha militar americana na região para 70. No X, antigo Twitter, Hegseth publicou um vídeo que mostra o momento da explosão do navio operado, segundo ele, por uma Organização Terrorista Designada. A operação ocorre em meio à escalada das tensões entre EUA e Venezuela.
“Como já dissemos antes, os ataques a embarcações de narcoterroristas continuarão até que o envenenamento do povo americano cesse. Hoje, sob as ordens do Presidente Trump, o Departamento de Guerra realizou um ataque cinético letal contra uma embarcação operada por uma Organização Terrorista Designada. A embarcação traficava narcóticos no Caribe e foi atingida em águas internacionais”, disse ele.
“Nenhum militar americano ficou ferido no ataque, e três narcoterroristas do sexo masculino — que estavam a bordo da embarcação — foram mortos. A todos os narcoterroristas que ameaçam nossa pátria: se quiserem continuar vivos, parem de traficar drogas. Se continuarem traficando drogas letais, nós os mataremos”, acrescentou o secretário.
As we’ve said before, vessel strikes on narco-terrorists will continue until their the poisoning of the American people stops.
Today, at the direction of President Trump, the Department of War carried out a lethal kinetic strike on a vessel operated by a Designated Terrorist… pic.twitter.com/gQF9LpSjqD
— Secretary of War Pete Hegseth (@SecWar) November 7, 2025
A declaração ocorre em meio à crescente mobilização militar americana na América Latina e ao aumento das expectativas de uma possível ampliação das operações na região, em atos considerados como “execuções extrajudiciais” pela Organização das Nações Unidas (ONU). Até o momento, as forças americanas atacaram ao menos 18 embarcações no Caribe e no Pacífico — entre elas, 17 barcos e um “narco-submarino” — sob alegações de que transportavam drogas para os Estados Unidos ou que representavam uma ameaça ao país.
Dados das Nações Unidas enfraquecem o discurso do governo do presidente Donald Trump. O Relatório Mundial sobre Drogas de 2025 indica que o fentanil — principal responsável pelas overdoses nos EUA — tem origem no México, e não na Venezuela, que praticamente não participa da produção ou do contrabando do opioide para território americano. O documento também aponta que as drogas mais usadas pelos americanos não têm origem na Venezuela — a cocaína, por exemplo, é consumida por cerca de 2% da população norte-americana e vem majoritariamente de Colômbia, Bolívia e Peru.
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Tensão no Caribe
Fontes próximas à Casa Branca afirmam que o Pentágono apresentou a Trump diferentes opções, incluindo ataques a instalações militares venezuelanas — como pistas de pouso — sob a justificativa de vínculos entre setores das Forças Armadas e o narcotráfico.
Os EUA acusam Maduro de liderar o Cartel de los Soles e oferecem uma recompensa de US$ 50 milhões por informações que levem à captura do chefe do regime chavista. O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, também foi acusado por Trump de ser “líder do tráfico de drogas” e “bandido”. Em paralelo, intensificam-se os ataques a barcos na região.
Os incidentes geraram alarme entre alguns juristas e legisladores democratas, que denunciaram os casos como violações do direito internacional. Em contrapartida, Trump argumentou que os EUA já estão envolvidos em uma guerra com grupos narcoterroristas da Venezuela, o que torna os ataques legítimos. Autoridades do governo afirmaram ainda que disparos letais são necessários porque ações tradicionais para prender os tripulantes e apreender as cargas ilícitas falharam em conter o fluxo de narcóticos em direção ao país.
Em meio aos ataques, militares do alto escalão envolvidos na ampliação das operações na América Latina precisaram assinar acordos de confidencialidade (NDAs, na sigla em inglês), informou a agência de notícias Reuters na semana passada. O documento de sigilo é altamente incomum, uma vez que os oficiais já são obrigadas a proteger segredos de segurança nacional.
Três autoridades militares, sob condição de anonimato devido à sensibilidade do assunto, disseram à Reuters que não há informações oficiais sobre o número de funcionários do Departamento de Guerra dos EUA — como o Departamento de Defesa foi renomeado pelo governo Trump — que foram convidados a assinar os NDAs, nem sobre qual é seu escopo.