Milhares de palestinos começam a retornar à Cidade de Gaza, maior conglomerado urbano do enclave palestino, após o cessar-fogo entre Israel e Hamas entrar em vigor nesta sexta-feira, 10, às 6h no horário de Brasília. Alvo de ampla campanha militar israelense, Gaza foi devastada nos dois anos de guerra. Horas antes do início da trégua, bombardeios foram relatados em Khan Younis, ao sul, e na Cidade de Gaza, ao norte, onde ao menos sete pessoas morreram.
Na última atualização militar, o exército israelense disse que “se posicionou nas últimas linhas de mobilização, de acordo com o esboço do acordo de cessar-fogo”, mas que as tropas “no Comando Sul estão posicionadas na área e continuarão a operar para eliminar qualquer ameaça imediata”.
Despite destruction & displacement, Palestinians are returning to Gaza, to reclaim their land, their homes & their future. Genocide failed to erase their right to exist. #Gaza #Palestine
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— Muhammad Jalal (@MJalalAf) October 10, 2025
A emissora árabe Al Jazeera informou que famílias caminhavam em direção ao norte do território nas primeiras horas do dia, mas esperavam permissão para entrar nas áreas do Corredor Netzarim, ocupada pelas forças israelenses. A defesa civil de Gaza orientou a população a permanecer longe das áreas de fronteira da Cidade de Gaza até a retirada oficial das tropas de Israel.
“O que é controverso é que houve alta atividade de drones israelenses, caças e até navios de guerra desde as primeiras horas desta manhã”, disse Tareq Abu Azzoum, repórter da Al Jazeera, direto do centro de Gaza, acrescentando mais tarde: “Eles (palestinos) estão esperando o último tanque israelense sair da região para entrar no território.”
A força policial de Gaza, por sua vez, afirmou que os seus agentes “cumpririam seus deveres de servir e apoiar os cidadãos e proteger a propriedade pública e privada”, mas voltou a apelar para que as pessoas fossem “extremamente cautelosas” e ficassem atentas a “objetos suspeitos, resíduos perigosos e bombas não detonadas” no retorno à casa.
Gazze
Ateşkesin ardından umut yavaş yavaş geri dönüyor…
Güney’den Gazze kentine ve kuzeye doğru binlerce yerinden edilmiş aile evlerine dönmeye başladı.
Yıkımın ortasında yeniden doğmaya çalışan bir halkın sessiz yürüyüşü…
#Gazze #Ateşkes #Dönüş pic.twitter.com/wtBglCDcmN
— Çetiner Çetin (@cetiner_cetin) October 10, 2025
+ Entenda os principais pontos do plano de paz de Trump para Gaza
O que acontece a partir de agora
As delegações israelense e do Hamas aceitaram os termos da trégua na quarta-feira após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, avançar uma proposta para a paz; o texto foi ratificado pelo governo de Benjamin Netanyahu na madrugada.
A confirmação da entrada em vigor da trégua ocorreu após uma confusão em torno do horário, uma vez que bombardeios continuaram atingindo o território palestino durante toda a noite e até esta manhã. Havia sido entendido que a guerra deveria “terminar imediatamente” depois que o governo israelense confirmasse o acordo, o que aconteceu às 01h30 locais (19h30 de quinta em Brasília).
As tropas se posicionaram de acordo com o plano de Trump, afirmaram as Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês), mas continuarão a “remover qualquer ameaça imediata” se for necessário. Um porta-voz do gabinete do premiê israelense disse que os militares recuarão dos atuais 68% de área invadida para 53% do território.
O acordo também prevê a libertação dos reféns que foram sequestrados pelo grupo terrorista no ataque contra comunidades do sul israelense em 7 de outubro de 2023, que deu início à guerra em Gaza. O Hamas agora tem 72 horas para soltar os 48 israelenses em posse do grupo, vinte dos quais estariam com vida, enquanto Israel vai soltar entre 1.700 e 2.000 palestinos detidos em prisões do país.
A proposta estabelece que Gaza deverá ser uma zona “desradicalizada”, ou seja, sem grupos radicais. Sob o documento, o enclave passará por reconstrução com apoio de um comitê composto por palestinos qualificados e especialistas internacionais. A supervisão será feita por um novo órgão internacional de transição, o “Conselho da Paz”, que será presidido por Trump, com outros membros e chefes de Estado a serem anunciados, incluindo o ex-primeiro-ministro Tony Blair.