Depois de três meses seguidos de crescimento, as vendas do comércio varejista ficaram praticamente estáveis em abril, com uma leve variação negativa de 0,4% em relação a março. Apesar da pausa, o setor ainda se mantém em um patamar elevado, já que março registrou o maior nível da série histórica iniciada em 2000, segundo dados divulgados nesta quinta-feira, 12, pelo IBGE.
Essa estabilidade já era esperada, segundo Cristiano Santos, gerente da Pesquisa Mensal de Comércio. Para ele, o crescimento nos meses anteriores dificulta novos avanços. “Existe o efeito base. O patamar anterior foi recorde. É muito mais difícil subir”, explicou.
Na média do trimestre encerrado em abril, o volume de vendas ainda registra alta de 0,3%. Já na comparação com abril do ano passado, o avanço foi de 4,8%. No acumulado de 2025, a alta chega a 2,1%, e nos últimos 12 meses, a 3,4%.
O desempenho do comércio ampliado, que inclui veículos, materiais de construção e atacado alimentício, foi mais fraco. O volume de vendas caiu 1,9% frente a março, puxado principalmente pela forte queda no setor de veículos, que recuou 7,1%. Foi a maior retração desde julho de 2022, após uma sequência de promoções e campanhas que impulsionaram os resultados nos primeiros meses do ano.
Entre os setores do varejo, os resultados de abril mostram um cenário dividido. De um lado, houve perdas em combustíveis e lubrificantes, material de escritório e informática, hipermercados e móveis e eletrodomésticos. Do outro, registraram alta as vendas de livros e papelaria, artigos de uso pessoal, roupas e calçados, além de medicamentos e itens de perfumaria.
O setor de hipermercados, que tem o maior peso dentro da pesquisa, foi um dos que mais influenciaram o recuo geral. Cristiano lembra que o orçamento das famílias está mais pressionado. “Mesmo com a inflação geral em queda, os alimentos continuam subindo. Isso pesa no bolso e afeta diretamente esse setor”.
Na comparação com abril do ano passado, cinco das oito atividades pesquisadas cresceram. As maiores altas foram nas lojas de artigos de uso pessoal e doméstico, roupas e calçados, além dos supermercados. Por outro lado, segmentos como informática, livros e combustíveis registraram queda nas vendas.
No varejo ampliado, todos os setores adicionais caíram. Além da retração nos veículos, houve perdas no material de construção e no atacado alimentício.