É irônico que um movimento com traços golpistas surja dentro do Corinthians meses depois da morte do publicitário Washington Olivetto, criador do mote que deu nome às ações dos jogadores da época em favor do fortalecimento das estruturas do clube e contra os abusos da ditadura militar. “Democracia Corinthiana”, expressão criada por Olivetto, é até hoje um dos principais e mais positivos atributos que diferenciam o clube paulista dos demais.
Agora, no entanto, essa marca democrática do Corinthians passa por um teste. No próximo sábado, 9, os sócios do clube vão decidir entre dizer não à derrubada de seu presidente legitimamente eleito pelo voto direto ou dizer sim ao golpe orquestrado por seus adversários, sem nenhuma prova ou decisão judicial.
As acusações contra Augusto Melo, presidente do clube, são graves e precisam ser investigadas. Até o momento, no entanto, a defesa dele insiste em sua inocência e diz que a polícia e o Ministério Público de São Paulo conduziram um processo direcionado, cheio de nulidades. No mais, até o momento, nenhuma condenação ou prova contra Melo foi exibida pelas autoridades.
O Corinthians, que dificilmente conseguirá se recuperar dentro de campo ainda neste ano, tem a chance de ao menos salvar sua democracia, caso os sócios digam não ao golpe no próximo sábado.