O presidente interino do Corinthians, Osmar Stábile, disse a jornalistas nesta segunda-feira, 28, que pretende ficar no cargo após os sócios decidirem sobre o futuro do titular do cargo, Augusto Melo. O nome disso é golpe.
“Sim, claro que eu quero seguir no cargo. Estou trabalhando por isso. É uma oportunidade de reconstruir o clube, de recuperar a confiança dos sócios e da torcida. Não pedi pra estar aqui, mas já que estou, vou até o fim”, disse o interino em entrevista coletiva.
A frase é típica de quem ambiciona o poder, sem ter votos para isso. Melo, que não foi cassado nem condenado, está afastado da função por causa de graves acusações. A defesa de Melo nega as acusações e aponta o cometimento de abusos por parte da Polícia Civil paulista. Os advogados do cartola pediram o fim do sigilo do inquérito e pediram para que a Polícia Federal investigasse o caso, mas não foram atendidos.
Em 9 de agosto, os sócios do Corinthians vão decidir se Melo pode voltar ao clube ou se sofrerá impeachment. Mas, antes disso, Stábile já fala como quem governa em definitivo. A lógica é conhecida: primeiro, planta-se a crise. Depois, substitui-se o eleito por alguém “mais estável”, “moderado”, “institucional”. A velha política sabe fazer isso como ninguém — seja no Congresso, seja no Parque São Jorge.