O governo de Luiz Inácio Lula da Silva atravessa uma fase de recuperação de popularidade no Brasil. O novo fôlego veio, em parte, de um erro de cálculo de Eduardo Bolsonaro, que provocou tarifas de Donald Trump contra o país e acabou oferecendo ao presidente um palco político inesperado.
Se no cenário doméstico Lula encontra espaço para se reencontrar, no plano internacional a situação é outra. Enquanto potências se reagrupam, o Brasil segue à margem.
A recente Cúpula da Organização para Cooperação de Xangai (OCX) é exemplo claro. Estiveram lá Vladimir Putin, Xi Jinping e Narendra Modi, numa demonstração de força diante dos Estados Unidos.
Nos discursos, Xi acusou o Ocidente de “bullying” e Putin responsabilizou Washington pela guerra na Ucrânia. O recado foi direto: existe uma nova articulação global, com foco em segurança, cooperação militar e economia.
Nesse tabuleiro, onde Índia, China e Rússia se aproximam cada vez mais, surge a pergunta: qual é o espaço do Brasil? A ausência em fóruns como a OCX reforça a percepção de isolamento. Lula parece ocupar um lugar no “bloco do eu sozinho”.
Putin conta com a China para vender petróleo e financiar a guerra. Xi amplia sua influência distribuindo bilhões em empréstimos. O Brasil, por enquanto, não tem um parceiro estratégico de peso.
A popularidade interna conquistada na disputa tarifária não se traduziu em ganhos diplomáticos. Lula encontrou um discurso para o terceiro mandato, mas falta ao Brasil um novo lugar no nova xadrez global.