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Uefa aprova jogos dos campeonatos espanhol e italiano fora da Europa, mas faz ressalvas

Foi aprovado pela Uefa, nesta segunda-feira, 6, os pedidos da La Liga, da Espanha, e da Série A, da Itália, quanto à transferência de alguns jogos das competições locais para os Estados Unidos e Austrália. No comunicado, a entidade europeia deixa claro algumas ressalvas e discordâncias quanto a esse movimento, que parece se tornar uma tendência global: “reitera a sua clara oposição à realização de jogos da liga nacional fora do seu país de origem”, diz o trecho, e afirma que vai contribuir “para o trabalho em andamento liderado pela FIFA” para estabelecer regras rígidas a esse respeito.

Uma das agremiações que publicamente declarou ser contrária a mandar jogos em outros países foi o Real Madrid. Em agosto, o clube merengue declarou em nota que esse movimento perturbaria “o equilíbrio competitivo”, e afirmou que para garantir a integridade da competição, todas as partidas deveriam ser disputadas nas mesmas condições. “Suas consequências seriam tão graves que marcariam um ponto de virada para o mundo do futebol”, apontava um dos trechos da nota do Real.

Essa “nova polêmica” tem tomado conta dos clubes europeus, e um exemplo já concreto sobre isso é que as Supercopas da Espanha e da Itália já são realizadas na Arábia Saudita. A reclamação tem partido também de grupos robustos de torcedores e também de uma Comissão da União Europeia, que no último mês, por meio do comissário para Justiça Intergeracional, Juventude, Cultura e Esporte, Glenn Micallef, declarou em suas redes sociais: “Estou profundamente decepcionado com as propostas de sediar partidas de liga nacional fora da Europa. Para mim, está claro: as competições europeias devem ser disputadas na Europa. O futebol europeu deve permanecer na Europa”, postou.

No último mês, foi a vez da Football Supporters Europe (FSE), em uma carta assinada por 423 grupos de torcedores, de 25 países, formalizar o protesto. “O conceito de transportar jogadores, comissão técnica, torcedores e outros através dos oceanos para um jogo ‘em casa’ é absurdo, inacessível e ambientalmente irresponsável”, disse o manifesto. A entidade afirma representar milhões de fãs de futebol.

“Mesmo com o risco de distanciamento físico, a tecnologia e canais digitais permitem a criação de novas formas de relacionamento com o clube, o desafio é equilibrar essa balança: preservar a identidade local sem perder a chance de conquistar novos públicos e ampliar as receitas”, analisa Sara Carsalade, co-founder e responsável pela vertical de esportes da Somos Young, empresa que realiza o atendimento a sócios-torcedores de clubes de futebol.

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Os protestos recentes ganharam mais força depois que clubes como Barcelona e Villarreal, da Espanha, e Milan e Como, da Itália, confirmaram a realização de confrontos e suas respectivas ligas nos Estados Unidos e na Austrália. O duelo entre espanhol, previsto para o dia 20 de dezembro, teve o aval da La Liga para acontecer em Miami. Já o jogo da Série A vai acontecer em Perth, Austrália, em 6 de fevereiro, para evitar confronto com a cerimônia de abertura das Olimpíadas de Inverno no estádio San Siro, em Milão.

Além disso, levar jogos a outros locais também pode ser uma oportunidade para internacionalização das marcas, ativações comerciais para atrair novos torcedores e criar receitas aos clubes. “Entretanto é importante ressaltar que no futebol profissional, os calendários repletos de jogos, somado ao desafio de logística, de fato podem comprometer e muito o espetáculo e impactar nos pontos disputados nesse modelo proposto de novo local pra jogo”, aponta Reginaldo Diniz, CEO e sócio-fundador da Agência End to End, que tem parceria com dezenas de clubes e entidades para gestão e projetos esportivos.

Considerada a liga mais rica do mundo, a Premier League chegou a cogitar alguns movimentos há alguns anos, mas diretor-executivo da entidade, Richard Masters, em entrevista recente, declarou que a necessidade de jogar no exterior “se dissipou”. Essa tendência de mandar jogos para outros países ou continentes é uma tendência em outros esportes, tão ou mais ricos que o futebol, casos da NFL e NBA, o que além de visibilidade internacional e expansão para outras nações, traz também novas fontes de receitas.

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