Em meio à intensificação da crise humanitária em Gaza, agravada por meses de guerra e bloqueios, a Comissão Europeia recomendou nesta segunda-feira (28) a suspensão parcial da participação de Israel em seu principal programa de financiamento à pesquisa, o Horizonte Europa.
A proposta é uma resposta direta às crescentes pressões de países do bloco por medidas concretas contra Tel Aviv, que, segundo eles, não está cumprindo os compromissos assumidos com a União Europeia para facilitar o envio de ajuda humanitária ao território palestino.
A iniciativa precisa ser aprovada por uma maioria qualificada, ou seja, ao menos 15 dos 27 países-membros da UE que representem 65% da população do bloco, para entrar em vigor.
A proposta surge após uma revisão de Israel à luz da cláusula de direitos humanos presente no acordo que rege suas relações com a UE.
Em junho, o Serviço Europeu de Ação Externa indicou haver sinais de que Israel havia descumprido suas obrigações no pacto.
Apesar do governo israelense ter anunciado pausas diárias nos combates e tomado algumas medidas para permitir a entrada de ajuda humanitária, a Comissão afirmou que “a situação continua grave”.
De acordo com o Programa Mundial de Alimentos da ONU, cerca de 470 mil pessoas vivem sob condições de fome severa em Gaza, entre elas, 90 mil mulheres e crianças precisam de tratamentos nutricionais especializados.
Israel criticou duramente a proposta europeia. Em comunicado publicado na plataforma X (antigo Twitter), o Ministério das Relações Exteriores israelense classificou a decisão como “equivocada, lamentável e injustificada” e disse esperar que os Estados-membros rejeitem a medida.
O país participa dos programas de pesquisa da UE desde 1996 e já integrou milhares de projetos conjuntos.
A proposta da Comissão afetaria, em especial, a participação de entidades israelenses no Acelerador do Conselho Europeu de Inovação, voltado a startups e pequenas empresas com inovações disruptivas e tecnologias emergentes, muitas com aplicações duais, como em drones, cibersegurança e inteligência artificial.
Guerra em Gaza: últimos desdobramentos
Nesta semana, novos bombardeios israelenses atingiram áreas residenciais em Khan Younis e Rafah, no sul da Faixa de Gaza, deixando dezenas de mortos e feridos, segundo autoridades locais.
As forças israelenses dizem mirar posições do Hamas, enquanto organizações de direitos humanos voltam a alertar para o alto número de civis atingidos.
Enquanto isso, o impasse político se intensifica: o governo israelense enfrenta críticas internacionais crescentes, mas mantém sua ofensiva.
Em paralelo, os esforços de mediação liderados por Egito e Catar continuam emperrados, sem avanço em direção a um cessar-fogo duradouro.