A União Europeia (UE) e Israel anunciaram um acordo nesta quinta-feira, 10, para aumentar o fluxo de ajuda humanitária à Faixa de Gaza. O pacto foi negociado pela chefe da diplomacia do bloco europeu, Kaja Kallas. Com isso, a UE começará a “coordenar com as partes humanitárias envolvidas, agências da ONU e ONGs atuantes no local, a fim de garantir a rápida implementação dessas medidas urgentes”.
“Conseguimos um acordo em termos muito concretos: quantos caminhões entrarão, quantas passagens serão abertas, pontos de distribuição para que as pessoas possam receber ajuda, distribuição de água”, disse Kallas à agência de notícias Bloomberg. “Precisamos realmente ver esse acordo colocado na prática, implementado. Fico feliz em saber que hoje já houve avanços, como o abastecimento de combustível em hospitais e um nível de melhoria na situação.”
O anúncio ocorre em meio a uma sequência de episódios nos quais as forças israelenses abriram fogo perto de centros de distribuição da Fundação Humanitária de Gaza (GHF, na sigla em inglês), um grupo privado americano apoiado pelos Estados Unidos e Israel. Na semana passada, o escritório de Direitos Humanos das Nações Unidas informou que 509 palestinos morreram nos pontos da GHF desde o início dos trabalhos da organização no enclave, em 26 de maio.
A agências da ONU e outras organizações de ajuda humanitária criticam o trabalho da GHF em Gaza devido a sua ineficácia e por usar seguranças armados, colocando civis em risco. No final de junho, as Nações Unidas condenaram a “transformação de alimentos em armas” por Israel na Faixa de Gaza, o que definiu como um “crime de guerra”.
Na ocasião, o porta-voz do escritório de direitos humanos das Nações Unidas, Thameen Al-Kheetan, lamentou as “cenas de caos ao redor dos pontos de distribuição de alimentos” e destacou que “pessoas desesperadas e famintas em Gaza continuam enfrentando a escolha desumana de morrer de fome ou correr o risco de serem mortas enquanto tentam conseguir comida”.
“O mecanismo militarizado de assistência humanitária de Israel (em referência à GHF) está em contradição com os padrões internacionais de distribuição de ajuda”, disse ele. “A transformação de alimentos para civis em armas, além de restringir ou impedir seu acesso a serviços de suporte à vida, constitui um crime de guerra.”
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Cessar-fogo
Israel e o grupo militante palestino Hamas podem chegar a um acordo de cessar-fogo em Gaza e de libertação de reféns dentro de uma ou duas semanas, mas qualquer trégua não deve ser alcançada em apenas um dia, disse um autoridade do alto escalão do governo isralense, que não teve o nome revelado, à agência de notícias Reuters, na quarta-feira, 9.
A atual proposta de trégua prevê a libertação gradual de 28 reféns ainda em posse do Hamas, em troca de palestinos detidos em Israel, a retirada de soldados israelenses de partes de Gaza tomadas nos últimos meses, um aumento considerável da entrada de ajuda humanitária no enclave e, assim que a pausa nas hostilidades for implementada, o início das discussões sobre o fim da guerra.
O Hamas, porém, quer garantias críveis de que Israel não voltará com a ofensiva após a pausa de sessenta dias. Um cessar-fogo anterior fracassou em março, quando Netanyahu decidiu não seguir para a segunda fase do acordo, que previa a abertura de negociações para encerrar o conflito de forma permanente, e voltou com os bombardeios e operações terrestres.