A Ucrânia apresentou um pedido à Organização para a Proibição de Armas Químicas (Opaq), em Haia, para uma investigação sobre o suposto uso pela Rússia de munições tóxicas proibidas. A solicitação, feita nesta terça-feira, 8, segue declarações de agências da inteligência da Holanda e da Alemanha na semana passada sobre evidências do uso generalizado de armas ilegais por Moscou na linha de frente.
Pelo menos três mortes na Ucrânia foram relacionadas ao uso de armas químicas, disse a Agência de Inteligência Militar Holandesa, enquanto mais de 2.500 pessoas feridas no campo de batalha relataram sintomas relacionados a armas químicas às autoridades de saúde ucranianas.
“Essa intensificação é preocupante porque faz parte de uma tendência que observamos há vários anos, na qual o uso de armas químicas pela Rússia nesta guerra está se tornando mais normalizado, padronizado e disseminado”, disse o ministro da Defesa holandês, Ruben Brekelmans, à agência de notícias Reuters.
Na semana passada, em meio às acusações dos países europeus, Maria Zakharova, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, afirmou que o Serviço Federal de Segurança descobriu um esconderijo ucraniano de dispositivos explosivos no leste do país contendo cloropicrina, um composto químico tóxico usado pela primeira vez pela Alemanha durante a Primeira Guerra Mundial.
O composto, listado pela Opaq como um agente asfixiante proibido que pode causar irritação grave na pele, nos olhos e no trato respiratório, é o mesmo que os Estados Unidos já haviam acusado a Rússia de ter usado, em maio do ano passado. A Opaq, que representa 193 Estados-membros, disse à época que as acusações eram “insuficientemente fundamentadas”.
A acusação se baseia em relatos de soldados ucranianos que afirmam terem sido alvos de gases e outros produtos químicos em algumas áreas da linha de frente contra a Rússia. Segundo as Forças Armadas da Ucrânia, já foram registrados mais de mil casos de uso de “munições de gás lacrimogêneo equipadas com produtos químicos tóxicos que são proibidos para a guerra”.
A Rússia afirma que não possui e não faz uso de armas químicas e o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, se pronunciou sobre o assunto negando as acusações.
O uso de armas químicas é proibido pelas leis internacionais desde o final da Primeira Guerra Mundial e as regras foram reforçadas em 1993 com a proibição da produção, armazenamento e transferência dos produtos químicos.