A Turquia emitiu nesta sexta-feira, 7, mandados de prisão contra o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e outros 36 membros do governo por “genocídio e crimes contra a humanidade” cometidos “sistematicamente” em Gaza. Em comunicado, a Procuradoria Geral de Istambul relembrou o assassinato de Hind Rajab, de seis anos, por soldados israelenses com 335 tiros em janeiro do ano passado e afirmou que o panorama de violência se agravou no enclave ao longo da guerra entre Israel e Hamas, em outubro de 2023.
“Desde 7 de outubro de 2023, essas ações têm se intensificado diariamente. O ataque de 17 de outubro de 2023 ao Hospital Batista Al-Ahli causou 500 mortes; em 29 de fevereiro de 2024, soldados israelenses destruíram deliberadamente equipamentos médicos; em 21 de março de 2025, o Hospital da Amizade Turco-Palestina foi bombardeado; muitas outras instalações de saúde também foram atacadas de forma semelhante; Gaza foi colocada sob bloqueio e as vítimas foram impedidas de receber ajuda humanitária”, disse o comunicado.
A procuradoria também abordou a interceptação da Flotilha Global Sumud, em outubro, e como os ativistas a bordo foram tratados pelas forças israelenses. Entre eles, estavam a ativista sueca Greta Thunberg e o brasileiro Thiago Ávila. A declaração informou que foi instaurado um inquérito de ofício relativamente à agressão contra a tripulação pelos crimes de “tortura”, “saque agravado”, “danos materiais”, “privação de liberdade” e “sequestro ou detenção de veículos de transporte”.
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“À luz das provas obtidas, foi determinado que funcionários do Estado israelense são criminalmente responsáveis pelos atos sistemáticos de ‘crimes contra a humanidade’ e ‘genocídio’ cometidos em Gaza, bem como pelas ações realizadas contra a Frota Global Sumud”, continuou o texto.
“Foi determinado que os suspeitos não poderiam ser detidos, pois não se encontram atualmente na Turquia. A pedido do Ministério Público, em 7 de novembro de 2025, o Tribunal Criminal de Paz de Istambul expediu mandados de prisão contra 37 suspeitos, incluindo o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, o ministro da Defesa Yisrael Katz, o ministro da Segurança Nacional Itamar Ben-Gvir, o chefe do Estado-Maior General Eyal Zamir e o comandante da Marinha David Saar Salama, sob as acusações de ‘crimes contra a humanidade’, nos termos do Artigo 77, e ‘genocídio’, nos termos do Artigo 76 do Código Penal turco”, concluiu.
Não é a primeira vez, no entanto, que o premiê tem de lidar com uma ordem que ameaça sua detenção. Em novembro do ano passado, Netanyahu e o ex-ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, já foram alvo de mandados de prisão pelo Tribunal Penal Internacional (TPI), em Haia, por acusações de crime de guerra. Mais de 67 mil palestinos foram mortos desde a eclosão do conflito. A corte, contudo, não tem poder coercitivo — depende de que países signatários prendam o primeiro-ministro israelense caso entre em seus territórios.