Após vinte anos de obras e sucessivos adiamentos, o Grande Museu Egípcio abriu as portas ao público neste sábado, 1º. Localizado ao lado das pirâmides de Gizé, nos arredores do Cairo, o megacomplexo de US$ 1 bilhão será o maior museu do mundo dedicado a uma única civilização, com mais de 50 mil peças que narram a trajetória do Egito Antigo — dos primeiros faraós à era romana.
Entre as principais atrações está a tumba do jovem faraó Tutancâmon e todo o seu conteúdo, que poderão ser vistos pela primeira vez por completo desde que foram encontrados pelo egiptólogo britânico Howard Carter, em 1922. Pela primeira vez, todos os 5 mil artefatos do conjunto funerário serão exibidos em um mesmo local — incluindo o sarcófago dourado, a máscara mortuária de ouro e lápis-lazúli, os leitos cerimoniais e as bigas usadas em rituais de guerra.
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“Tivemos a ideia de exibir o túmulo completo, o que significa que nada fica guardado, nada fica em outros museus, e você pode ter a experiência completa, da mesma forma que Howard Carter teve há mais de cem anos”, diz Tarek Tawfik, presidente da Associação Internacional de Egiptólogos e ex-diretor do Grande Museu Egípcio.
O museu é uma das principais apostas do governo egípcio para revitalizar o turismo, setor responsável por boa parte da entrada de divisas no país. O projeto começou em 2005, mas ficou paralisado durante a instabilidade política que se seguiu à Primavera Árabe de 2011 e enfrentou novos atrasos por causa da pandemia e dos recentes conflitos no Oriente Médio.
Um colosso diante das pirâmides
Projetado pelo escritório irlandês Heneghan Peng Architects, o edifício triangular foi construído para dialogar visualmente com as pirâmides vizinhas. Logo na entrada, visitantes são recebidos pela estátua de Ramsés II, com 11 metros de altura e mais de 3 mil anos de história — uma das figuras mais emblemáticas do Egito Antigo.
O interior abriga uma escadaria monumental de seis andares ladeada por estátuas, que conduz às galerias principais e a um mirante com vista panorâmica para as pirâmides. Uma passarela liga o museu ao complexo de Gizé, permitindo o trajeto a pé ou em veículos elétricos.
O espaço também inclui 24 mil metros quadrados de exposições permanentes, um museu infantil, auditórios, áreas comerciais e um centro de conservação que restaurou algumas das peças mais importantes do acervo.

Outro destaque é o barco solar de Quéops, com 43 metros de comprimento, que foi encontrado enterrado ao lado da Grande Pirâmide na década de 1950. Transportado em 2021 em uma operação especial, ele simboliza o poder e as crenças sobre a vida após a morte no Egito Antigo.
Qual é a expectativa de público e o impacto econômico?
Com a abertura oficial, o governo espera atrair de 15 mil a 20 mil visitantes por dia. Em 2024, o Egito registrou 15,7 milhões de turistas e agora pretende dobrar esse número até 2032. Para facilitar o acesso, o entorno do museu passou por uma ampla reestruturação urbana, com novas vias, a construção de uma estação de metrô e a inauguração do Aeroporto Internacional Esfinge, a cerca de 40 minutos de distância.