Não é a guerra tarifária, nem o aumento da inflação. A maior ameaça à popularidade de Donald Trump tem nome e sobrenome: Jeffrey Epstein. Desde que o bilionário Elon Musk deixou o governo afirmando que o presidente americano constava nos inquéritos que investigaram o predador sexual que estuprou adolescentes e montou um esquema de festas para endinheirados em que os abusos rolavam solto, a Casa Branca não para de ter de dar explicações sobre o caso.
Epstein, de quem Trump era amigo, se suicidou na cadeia, mas outra personagem envolvida no caso está no centro da crise e pode, na opinião de muitas pessoas próximas do todo poderoso mandatário, ser a chave para o fim da crise. Ghislaine Maxwell, ex-namorada de Epstein, que cumpore pena de 20 anos de cadeia após ser condenada por agenciar as meninas menores de idade que participavam dos infames convescotes, está sendo ouvida por funcionários do Departamento de Justiça (DOJ) e a imprensa americana não para de especular que Trump pode conceder um perdão e tirá-la de trás das grades, em troca de ser inocentado por ela.
Nos dois últimos dias, Mawell foi interrogada por Todd Blanche , um alto funcionário do DOJ e respondeu todas as perguntas, sobre mais de 100 pessoas, de acordo com sua defesa.”Ela não escondeu nada”, disse o advogado, David Oscar Markus, na sexta-feira. “Eles perguntaram sobre cada coisa possível que você pudesse imaginar — tudo”. Não se sabe, contudo, sobre o teor das conversas, nem quando as informações serão divulgadas. O procurador-geral adjunto, que também esteve com ela, disse somente que isso deve ocorrer “no momento apropriado”.
Ex-funcionpários do DOJ tem alertado que as audiências com uma pessoa que já foi condenada pela Justiça e o interesse do governo em um caso encerrado não corresponde aos manuais da administração pública.
Enquanto isso, Donald Trump se afunda no buraco que ele próprio cavou. Durante anos, o presidente se alinhou a diversas autoridades que pressionavam pela divulgação de mais detalhes da investigação, incluindo uma suposta lista de clientes de Epstein que poderia incluir o nome de diversos ricos, poderosos e influentes figurões de Washington. A bandeira passou a ser empunhada pelo movimento MAGA (Faça a Amercia Grande Novamente, na sigla em inglês), um dos pilares do atual governo. Mas a postura errática tem feito ele perder apoio entre seus mais ferrenhos defensores.
Na sexta, antes de embarcar para Escócia, onde realiza uma visita oficial, Trump negou que houvesse considerado um perdão para Maxwell: “Tenho permissão para fazer isso, mas é algo em que não pensei” , disse aos jornalistas que o aguardavam na porta do helicóptero. Ao pousar do outro lado do Atlântico, onde foi recebido com protestos de manifestantes que fizeram questão de lembrar o escândalo sexual, foi mais enfático:”Não é hora de falar em perdão, obviamente”.
Enquanto a ex-namorada de Epstein falava com o DOJ, um avião sobrevoou o presídio onde ela está detida, rebocando uma faixa que acusava o presidente e o procurador geral dos Estados Unidos de interferirem no caso. “Trump e Bondi estão protegendo predadores”, estampava a tremulante mensagem.
Durante a campanha presidencial, Trump repetiu em diversas ocasiões que iria descortinar tudo o que o governo sabia do caso. Alertado por funcionários do DOJ de que seu nome constava várias vezes na investigação, mudou de ideia. Recentemente, o The Wall Street Journal revelou que no passado, o presidente teria enviado um cartão de aniversário para Epstein, com um desenho de uma silhueta feminina e uma assinatura no local da genitália. Trump, obviamente, negou tudo e decidiu processar o periódico. O fantasma de Esptein segue assombrando o salão oval.