O presidente Donald Trump irá decidir dentro de duas semanas se os Estados Unidos se envolverão ativamente no conflito entre Israel e Irã, informou a Casa Branca nesta quinta-feira, 19.
Citando uma mensagem de Trump, a secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, disse a repórteres: “Com base no fato de que há uma chance substancial de negociações que podem ou não ocorrer com o Irã em um futuro próximo, tomarei minha decisão de ir ou não nas próximas duas semanas.”
A declaração se dá um dia depois de o jornal americano Wall Street Journal informar que o presidente teria dito a membros do alto escalão e conselheiros próximos que já aprovou planos de ataque ao Irã, mas ainda aguarda para ver se o país irá abandonar seu programa nuclear.
Entre os alvos em uma eventual operação, segundo as fontes ouvidas pela reportagem do WSJ, estaria a usina nuclear de Fordow, escondida sob uma cadeia de montanhas nos arredores da cidade sagrada de Qom, no centro do Irã, e um dos pontos mais secretos e impenetráveis do programa nuclear iraniano. A instalação subterrânea, segundo analistas militares americanos e europeus, opera a quase 90 metros de profundidade e abriga 2.700 centrífugas avançadas capazes de enriquecer urânio a 60% — um patamar que, segundo a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), pode ser convertido em combustível para até nove ogivas nucleares em menos de um mês.
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Mais cedo, quando questionado se já havia decidido se atacaria as instalações nucleares do Irã, Trump se negou a dar uma resposta. “Talvez eu faça isso”, disse ele a repórteres no gramado da Casa Branca. “Talvez eu não faça isso. Quer dizer, ninguém sabe o que eu vou fazer.”
O presidente também ressaltou que o Irã “deveria ter feito o acordo” — as tratativas tiveram início em abril e foram suspensas após os bombardeios israelenses. A sexta rodada estava prevista para o último domingo em Omã.
Os comentários enigmáticos estão sendo observados de perto. Aliados e inimigos buscam pistas sobre suas intenções, enquanto os ataques cruzados entre Israel ao Irã não dão sinal de arrefecimento. A perspectiva de envolvimento direto dos Estados Unidos na guerra já aumentou os temores de uma guerra total no Oriente Médio, que pode arrastar outros países da região, e gerou divergências entre os apoiadores republicanos do presidente.
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Mais cedo nesta quarta, o líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, afirmou que qualquer ataque direto dos Estados Unidos ao país terá “consequências sérias e irreparáveis” e será seguido de uma resposta iraniana. Em pronunciamento na TV estatal, ele disse ainda que Teerã nunca se renderá, em alusão às ameaças feitas por Trump que na véspera cobrou uma “rendição incondicional” da nação islâmica.
Iminente envolvimento dos EUA?
Trump advertiu nas redes sociais na terça-feira 17 que sua paciência está se esgotando. Embora tenha dito que não tinha intenção de matar Khamenei “por enquanto”, seus comentários sugeriram uma postura mais agressiva em relação ao Irã enquanto ele avalia se deve aprofundar o envolvimento dos Estados Unidos.
“Sabemos exatamente onde o chamado ‘líder supremo’ está se escondendo”, escreveu ele em sua plataforma, a Truth Social. “Não vamos eliminá-lo (matar!), pelo menos não por enquanto… Nossa paciência está se esgotando.”
De acordo com a agência de notícias Reuters, com base em depoimento de uma fonte familiarizada com discussões internas na Casa Branca, Trump e sua equipe estão considerando várias opções, incluindo juntar-se a Israel em ataques contra instalações nucleares iranianas. Por enquanto, os Estados Unidos só tomaram ações indiretas, incluindo ajudar a derrubar mísseis disparados contra Israel. Mas mais aeronaves de combate foram enviadas ao Oriente Médio e o destacamento de outros aviões de guerra na região foi estendido.
Apesar da indefinição, as Forças Armadas dos EUA intensificaram suas forças no Oriente Médio nos últimos dias. Um terceiro contratorpedeiro da Marinha dos EUA entrou no leste do Mar Mediterrâneo e um segundo grupo de ataque de porta-aviões dos EUA está se dirigindo à região. Embora o Pentágono afirme que o reforço militar é puramente defensivo, ele deixa os EUA em uma posição melhor caso Trump opte por se juntar aos ataques israelenses contra Teerã.