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Trump recebe líderes do Congo e Ruanda para colecionar novo acordo de paz

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, receberá os líderes da República Democrática do Congo e de Ruanda em Washington nesta quinta-feira, 4, para assinar novos acordos com o objetivo de estabilizar uma região devastada pela guerra — e colecionar mais uma mediação de conflitos na coleção, de olho no Nobel da Paz do ano que vem. Seguindo a lógica transacional que marca sua política externa, ele também pretende usar a oportunidade para levar investimentos americanos ao setor de mineração na região, fazendo frente à China.

Espera-se que o presidente ruandês, Paul Kagame, e o presidente congolês, Félix Tshisekedi, reafirmem seu compromisso com o pacto de integração econômica já selado no mês passado, bem como com o acordo de paz mediado pelos Estados Unidos, em junho, mas ainda não implementado.

Para analistas, a diplomacia americana conteve a escalada dos combates no leste da República Democrática do Congo, mas não conseguiu resolver as questões centrais do conflito. O grupo rebelde M23, apoiado por Ruanda, tomou as duas maiores cidades do leste congolês no início deste ano, em um avanço relâmpago que aumentou os temores de uma guerra mais ampla.

“Acabar com guerras”

Desde que voltou à Casa Branca, Trump se empenhou em consolidar suas credenciais diplomáticas, intervindo em conflitos do Oriente Médio à Ucrânia e Cáucaso. Esses esforços geraram resultados mistos, incluindo um acordo em Gaza e críticas de que o presidente deveria focar nas questões domésticas, em especial a inflação.

Antes da reunião, o nome de Trump foi adicionado a uma placa do lado de fora do Instituto da Paz dos Estados Unidos, uma organização sem fins lucrativos fundada pelo governo e cujo controle sua administração tentou assumir no início deste ano. Espera-se que o acordo seja assinado no instituto.

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O acordo, no entanto, pode não alterar imediatamente a crise humanitária no terreno. Em declarações conflitantes na terça 2, o Exército do Congo e os rebeldes do M23 acusaram-se mutuamente de violar os acordos de cessar-fogo existentes, renovados no mês passado. Em uma coletiva de imprensa em Washington na quarta-feira, o oficial congolês Patrick Muyaya culpou o M23 pelos recentes combates e disse que isso era “prova de que Ruanda não quer a paz”.

Conflito antigo

Não se espera que qualquer representante do M23 compareça à reunião em Washington. O grupo também não está vinculado aos termos de nenhum acordo entre Congo e Ruanda.

O governo ruandês nega apoiar o M23. Kigali alega que suas próprias forças agiram em legítima defesa contra milicianos hutus ligados ao genocídio ruandês de 1994. Em um relatório publicado em julho, porém, um grupo de especialistas das Nações Unidas afirmou que Ruanda exerce comando e controle sobre os rebeldes.

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O M23 diz estar lutando para proteger as comunidades étnicas tutsis no leste da República Democrática do Congo. Os avanços do grupo rebelde se inserem no contexto de rivalidade étnica nas regiões fronteiriças entre o país com Ruanda, fonte de conflito há três décadas. Duas guerras devastadoras na região dos Grandes Lagos Africanos, entre 1996 e 2003, custaram milhões de vidas. O último ciclo de combates matou milhares de pessoas e deslocou mais de 850 mil.

Região rica em minerais

O governo Trump discute a possibilidade de atrelar aos acordos de paz investimentos ocidentais na região onde ficam os países, região rica em tântalo, estanho, tungstênio, ouro, cobalto, cobre, lítio e outros minerais. Washington empreende esforços globais para garantir seu acesso a minerais críticos controlados por seu maior rival, a China.

Segundo o pacto apoiado por Trump, a República Democrática do Congo precisaria reprimir as Forças Democráticas para a Libertação de Ruanda (FDLR), um grupo armado que faz oposição ao M23. Ruanda, por sua vez, precisaria retirar suas forças do país vizinho. Houve poucos avanços concretos em relação a qualquer uma das promessas desde que o acordo foi assinado em junho.

“Esperamos que, após esta quinta, vejamos melhorias no terreno”, disse o ministro das Relações Exteriores ruandês, Olivier Nduhungirehe, à agência de notícias Reuters.

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