O governo de Donald Trump renomeou o Instituto da Paz dos Estados Unidos em homenagem ao presidente, cujo nome foi gravado na fachada do prédio. O ato foi confirmado por um comunicado emitido pela Casa Branca nesta quarta-feira, 3, e ocorre às vésperas da assinatura de um acordo de paz entre Ruanda e República Democrática do Congo. O evento acontecerá na sede do Instituto, em Washington, fechado há nove meses devido a disputas pelo controle do local.
Segundo a porta-voz da Casa Branca, Anna Kelly, a mudança de nome do instituto é um “poderoso lembrete do que uma liderança forte pode alcançar pela estabilidade global”. A medida parece ser mais um capítulo da campanha de promoção de Trump, que vem tentando se apresentar como um grande negociador pela paz global — incluindo manifestações públicas nada discretas sobre seu desejo por um Nobel da Paz.
As novas letras prateadas que formam o nome “Donald J. Trump” foram instaladas na fachada da sede do Instituto, sendo colocadas à esquerda do nome original. É nessa nova roupagem que o prédio receberá os presidentes Paul Kagame, de Ruanda, e Felix Tshisekedi, da República Democrática do Congo, nesta quinta-feira, 4, para adicionar mais um conflito mediado na tão alardeada lista de Trump.
Desde o início de seu mandato, em janeiro, o republicano vem reivindicando créditos por encerrar ou avançar as negociações sobre uma série de conflitos, incluindo a Guerra em Gaza. A mediação no confronto de três décadas entre Kigali e Kinshasa é mais um capítulo na campanha de paz da Casa Branca, que chegou a afirmar anteriormente que seu trabalho era muito mais impressionante do que aquele promovido pelo Instituto da Paz, definido como uma “entidade inchada e inútil”.
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Disputa judicial
O Instituto da Paz foi criado pelo Congresso Americano na década de 80, mas atuava como entidade independente e apartidária com o objetivo de apoiar as medidas americanas para resolução de conflitos violentos no exterior. Seu edifício-sede, por sua vez, foi projetado em 2012 e pensado para ser um símbolo. Financiado por doadores privados, ele foi erguido sobre um terreno de posse da Marinha, mas cuja jurisdição foi transferida ao instituto há mais de duas décadas.
No início deste ano, o governo federal tentou tomar o controle do instituto de forma agressiva, como parte de um esforço amplo promovido pelo Departamento de Eficiência Governamental (Doge), liderado pelo bilionário Elon Musk, para desestruturar instituições que atuam na política externa americana. Semanas após o movimento, a administração Trump demitiu quase todos os funcionários, instalou uma nova liderança e passou o controle da sede à Administração de Serviços Gerais.
Desde então, o edifício-sede vem sendo alvo de uma disputa judicial acirrada. Após ex-funcionários entrarem na Justiça, um juiz devolveu temporariamente o controle do prédio ao Instituto da Paz, apontando que as medidas de Trump eram uma “usurpação grosseira de poder”. No entanto, a Casa Branca recorreu da decisão e retomou a posse do local após definição de um tribunal superior.