O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que seu homólogo russo, Vladimir Putin, enfrentará “consequências muito severas” caso não aceite um cessar-fogo durante reunião para debater a guerra na Ucrânia. A declaração foi dada a repórteres em Washington nesta quarta-feira, 15, logo após deixar uma videoconferência realizada junto a líderes europeus.
Putin e Trump irão se encontrar em Anchorage, no Alasca, na sexta-feira, 15, para discutir formas de encerrar o confronto entre Kiev e Moscou. “Se a primeira reunião for bem-sucedida”, disse o americano, “teremos uma segunda reunião rápida entre o presidente Putin, o presidente (Volodymyr) Zelensky e eu, se eles quiserem que esteja presente”.
Mais cedo nesta quarta, o republicano se reuniu por cerca de uma hora com representantes de sete países europeus para dialogar sobre seus objetivos e estratégias para a reunião, e garantiu que não faria nenhuma negociação territorial sem a anuência da Ucrânia — o que agradou os líderes do velho continente.
Convocado às pressas, o encontro entre as lideranças ocidentais representou um esforço da Europa para impedir qualquer concessão extrema que comprometa o futuro de Kiev. Reino Unido, Alemanha e França insistiram na importância da manutenção das fronteiras internacionais ucranianas, para que o país tenha condições de “defender efetivamente sua soberania e integridade”.
Para o chanceler alemão, Friedrich Merz, caso as negociações no Alasca não sejam bem sucedidas, os países presentes na reunião devem “aumentar a pressão” juntos contra Moscou. “As negociações devem fazer parte de uma estratégia transatlântica comum. Assim, elas terão maior probabilidade de sucesso”, disse.
Em tentativa de apaziguar as preocupações dos líderes, Trump enfatizou que a cúpula com Putin não é uma negociação substancial, mas somente uma “avaliação” de quais termos seriam aceitáveis para a assinatura de uma trégua. Ainda assim, há preocupações sobre a possibilidade de que o americano veja a perda de soberania ucraniana como um preço necessário para melhorar as relações com a Rússia.
Em uma publicação na rede Truth Social, Trump expressou descontentamento com a cobertura da imprensa sobre a cúpula do Alasca. “A mídia está sendo muito, muito injusta sobre meu encontro com Putin. Eles continuam citando perdedores demitidos e pessoas realmente estúpidas como John Bolton, que acabou de dizer que, embora o encontro seja em solo americano, ‘Putin já venceu’. Que diabos é isso? Ganhamos TUDO”, declarou.
Mais cedo nesta quarta, o porta-voz adjunto do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Alexei Fadeev, garantiu que as condições de Moscou para um cessar-fogo não mudaram, girando em torno da retirada completa de tropas de Kiev das regiões que Moscou pretende anexar (cerca de 20% do território do vizinho) e o abandono das ambições ucranianas de se juntar à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), a principal aliança militar ocidental.