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Trump interrompe reunião com líderes europeus para ligar para Putin, diz jornal

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, interrompeu uma reunião com líderes europeus reunidos na Casa Branca, nesta segunda-feira, 18, para telefonar para o presidente da Rússia, Vladimir Putin, segundo informações do jornal alemão Bild.

Mais cedo, Trump havia afirmado que ligaria para o russo, com quem se encontrou na semana passada no Alasca, ao final da reunião, com objetivo de debater pontos abordados pelas partes e, caso negociações avançassem nesta segunda-feira, montar um encontro trilateral entre os dois e o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky.

As condições da Rússia para um eventual cessar-fogo seguem inalteradas, segundo o Kremlin, girando em torno da retirada completa de tropas de Kiev das regiões que Moscou pretende anexar (cerca de 20% do território do vizinho) e o abandono das ambições ucranianas de se juntar à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), a principal aliança militar ocidental.

Entram também no pacote de condições, segundo as agências estatais russas Tass e Interfax, a retirada completa de tropas ucranianas dos territórios desejados por Moscou, a interrupção de fornecimento de armas e inteligência do Ocidente à Ucrânia, a limitação do Exército ucraniano, tanto na quantidade de tropas quanto armas, e realização de novas eleições. Putin não reconhece Volodymyr Zelensky como líder legítimo da Ucrânia, afirmando que ele teria continuado no poder ilegalmente neste ano (eleições estavam previstas, mas não aconteceram devido ao estado de guerra).

Garantias de segurança

Antes do encontro a portas fechadas desta segunda-feira, os líderes europeus reforçaram  importância de que um acordo de paz entre a Rússia e a Ucrânia inclua garantias de segurança, tanto para a Ucrânia quanto para a Europa como um todo.

“Estamos falando de segurança, não apenas da Ucrânia, estamos falando da segurança da Europa e do Reino Unido também, e é por isso que esta é uma questão tão importante”, disse o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer.

Em resposta às declarações de Trump sobre uma possível reunião trilateral — entre EUA, Ucrânia e Rússia –, o presidente francês, Emmanuel Macron, propôs a presença de um líder europeu na conversa.

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“Acho que, como acompanhamento, provavelmente precisaríamos de uma reunião quadrilateral. Porque quando falamos de garantias de segurança, falamos de toda a segurança do continente europeu”, disse Macron, que enfatizou que o que está em jogo na cúpula desta segunda-feira não é só o futuro da Ucrânia, mas de toda a Europa.

A primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, por sua vez, afirmou que muitos tópicos serão abordados na reunião, mas em primeiro lugar é preciso debater garantias de segurança, o que seria “pré-condição para qualquer tipo de paz”.

Segundo Trump, a Rússia aceitaria garantias de segurança do Ocidente à Ucrânia, o que poderia incluir, como sugerido pelo republicano mais cedo, a presença de uma força de paz estrangeira na Ucrânia, algo que o Kremlin já rejeitou no passado.

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“O presidente (Vladimir) Putin concordou que a Rússia aceitaria garantias de segurança para a Ucrânia. E este é um dos pontos-chave que precisamos considerar”, afirmou, ressaltando estar “otimista” de que seria possível chegar a um acordo “que impeça qualquer agressão futura contra a Ucrânia”.

Países europeus, segundo ele, “serão a primeira linha de defesa, porque estão lá”, mas “haverá muita ajuda, em termos de segurança”, incluindo ajuda dos EUA.

Os termos de segurança podem representar um compromisso visando proteger a Ucrânia sem permitir que o país ingresse na OTAN — uma medida que a Rússia há muito tempo alerta que não aceitaria. O enviado especial de Trump, Steve Witkoff, descreveu anteriormente tais garantias como “proteções semelhantes às do Artigo 5”, semelhantes às concedidas aos países membros da OTAN.

Antes do encontro com líderes europeus, Zelensky afirmou, ao lado de Trump, que seu país precisa de “tudo”, quando questionado por um repórter sobre quais garantias são necessárias para fechar um acordo. Ele disse que a Ucrânia precisa primeiro de um exército forte, que inclua armas, pessoal, treinamento e inteligência — e tudo isso dependeria de “grandes países”, como EUA e aliados, segundo ele.

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Reação de Zelensky

Na noite de domingo, ao chegar a Washington, D.C., para a cúpula desta segunda, o líder ucraniano disse esperar que a “força compartilhada” da Ucrânia com os americanos e seus homólogos europeus leve a Rússia à paz.

“Sou grato ao presidente dos Estados Unidos pelo convite. Todos nós queremos igualmente encerrar esta guerra de forma rápida e confiável”, postou Zelensky em seu canal no aplicativo de mensagens Telegram. “E espero que nossa força compartilhada com os Estados Unidos e nossos amigos europeus leve a Rússia à paz verdadeira.”

Depois, em um post no X (ex-Twitter), ele afirmou que “os ucranianos estão lutando por sua terra, por sua independência” e sinalizou que não vai ceder territórios a Rússia para acabar com a guerra.

“Todos nós compartilhamos um forte desejo de encerrar esta guerra de forma rápida e confiável. E a paz deve ser duradoura. Não como foi anos atrás, quando a Ucrânia foi forçada a ceder a Crimeia e parte do nosso Leste — parte de Donbas — e Putin simplesmente usou isso como trampolim para um novo ataque”, disse Zelensky. “Claro, a Crimeia não deveria ter sido cedida naquela época, assim como os ucranianos não cederam Kiev, Odesa ou Kharkiv depois de 2022. Os ucranianos estão lutando por sua terra, por sua independência”, completou.

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Cúpula com Putin

Mesmo antes dos comentários de Trump no domingo, Kiev enfrentava uma difícil tarefa: reverter os danos causados pela cúpula Trump-Putin na última sexta-feira, que não teve avanços concretos em direção à resolução do conflito, mas retirou o líder russo de seu isolamento internacional. Apesar disso, o presidente americano acusou a mídia de deturpar seu “grande encontro no Alasca” e afirmou ter feito “grande progresso” em relação à Rússia, sem dar detalhes.

No encontro desta segunda-feira, os líderes europeus devem reafirmar seu apoio à integridade territorial da Ucrânia e oposição a qualquer plano para trocar de terras que recompense a agressão russa. Também pode estar na pauta quais garantias de segurança os Estados Unidos estão dispostos a oferecer em caso de um acordo, uma demanda ucraniana para encerrar a guerra sem correr risco de uma futura invasão.

Mikhail Ulyanov, enviado da Rússia a organizações internacionais em Viena, afirmou na manhã desta segunda que a Rússia concorda que qualquer futuro acordo de paz com a Ucrânia deve fornecer garantias de segurança a Kiev, mas a Rússia “tem o mesmo direito de esperar que Moscou também obtenha garantias de segurança eficientes”.

O enviado especial de Trump, Steve Witkoff, disse à emissora americana CNN que Putin havia concordado pela primeira vez que os Estados Unidos e a Europa fornecessem proteção à Ucrânia como parte de um acordo. Isso estaria fora dos auspícios da Otan, mas seria equivalente ao pacto de autodefesa do Artigo 5 da aliança, indicou Witkoff — aquele em que todos os membros são implicados caso um deles seja agredido.

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