O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta terça-feira, 8, que não está satisfeito com seu homólogo russo, Vladimir Putin, e que estuda novas sanções contra Moscou, ressaltando a frustração com o crescente número de mortos na guerra na Ucrânia.
“Putin joga muita porcaria em cima da gente”, disse Trump a repórteres após uma reunião com membros do gabinete na Casa Branca. “Ele é muito gentil o tempo todo, mas acaba sendo sem sentido.”
Questionado se aplicaria mais sanções contra a Rússia, ele respondeu que está “analisando”. Bem ao estilo Trump, se recusou a dar mais detalhes, afirmando: “Eu não diria isso a vocês, queremos ter uma pequena surpresa.”
O republicano também reclamou que as baixas semanais na Ucrânia aumentaram, reclamando que não está “feliz” com Putin.
“Não estou feliz com Putin. Posso dizer isso agora, porque ele está matando muita gente, e muitas delas são seus soldados, principalmente seus soldados e os soldados deles. E agora chega a 7 mil por semana”, disse ele.
O presidente americano afirmou ainda que a guerra na Ucrânia “nunca deveria ter acontecido”: “Muitas pessoas estão morrendo e ela deveria acabar.” Chegou a elogiar a resistência ucraniana, mas creditou seu relativo sucesso a ajuda militar dos Estados Unidos (“Os ucranianos foram corajosos, mas nós demos a eles o melhor equipamento já feito.”)
Na segunda-feira, o governo dos Estados Unidos deu um giro de 180 graus ao prometer enviar dez sistemas de defesa Patriot para a Ucrânia, uma retomada das entregas de armas ao aliado dias após sua suspensão pelo Pentágono.
Autoridades ucranianas disseram na terça-feira que estavam gratas pela reviravolta, mas descreveram o número de Patriots fornecidos a Kiev como “minúsculo”. Em um comunicado, o Ministério da Defesa da Ucrânia afirmou não ter recebido notificação oficial sobre a mudança de política e buscava esclarecer os detalhes, reiterando que é “extremamente importante” ter “estabilidade, continuidade e previsibilidade” no fornecimento de armas, especialmente sistemas de defesa aérea.
Sanções
As sanções se tornaram o ponto central do esforço para isolar a Rússia após a invasão da Ucrânia em 2022. A estratégia evoluiu para um jogo internacional de gato e rato, à medida que Moscou desenvolveu esquemas para driblar o bloqueio.
Durante sua presidência, o democrata Joe Biden impôs, em média, mais de 170 novas sanções por mês a entidades ligadas à Rússia. Entre 2022 e 2024, foram mais de 6.200 bloqueios a indivíduos, empresas, embarcações e aeronaves conectados ao país. Os principais alvos incluíram produção de petróleo e armas, aquisição de tecnologia e serviços bancários, visando novos esquemas para contornar as punições.
Mas, neste ano, essas ações foram paralisadas, de acordo com uma análise do jornal americano The New York Times sobre restrições ao comércio, transações financeiras e outras atividades relacionadas à Rússia e ao presidente Putin. Com base em dados do Departamento do Tesouro, a publicação identificou mais de 130 empresas na China continental e em Hong Kong que vendem chips de computador restritos para a Rússia. Nenhuma dessas empresas está sob sanções.
Trump, contudo, vem usando sanções agressivamente em outros lugares. Ele impôs mais de 280 novas restrições ao Irã nos últimos seis meses, visando pessoas envolvidas no financiamento do terrorismo. Também penalizou juízes do Tribunal Penal Internacional (TPI), com sede em Haia, por investigarem potenciais crimes de guerra israelenses. E usou sanções para reprimir o narcotráfico e grupos cibercriminosos.