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Trump errou o alvo? Crise nos EUA se alastra e está longe do fim

A economia americana vive um momento de tensão crescente, e parte dessa instabilidade, segundo analistas, decorre das próprias escolhas políticas do presidente Donald Trump. Em entrevista ao programa Mercado, apresentado por Diego Gimenes, a economista Bruna Allemann, chefe de investimentos internacionais da Nomos, afirmou que “os problemas internos dos Estados Unidos estão começando a sair do controle”, enquanto o governo dedica atenção a questões externas, como os conflitos em Israel e na Ucrânia, além de disputas comerciais. Parte da economia americana está paralisada desde 1° de outubro por falta de dinheiro. 750 mil funcionários foram afetados e o governo ainda não chegou a um acordo para encerrar o shutdown.

Entre as medidas que marcaram o início da administração, o chamado tarifaço — política de aumento de tarifas sobre importações — buscava estimular a reindustrialização dos Estados Unidos. No entanto, o efeito, segundo a economista, tem sido limitado. “Trump queria incentivar a produção e o emprego doméstico, mas esse é um processo de longo prazo. Foram 20 anos de desindustrialização, e não seria uma decisão isolada que traria o país de volta ao patamar desejado”, avaliou.

Allemann ponderou que, embora a intenção de fortalecer a indústria nacional fosse legítima, os meios adotados pelo presidente foram questionáveis. “Ele reverberou sua proposta de forma mais ácida e imediatista. Algumas decisões foram interessantes no curto prazo para negociações comerciais, mas se mostraram pouco sustentáveis internamente”, afirmou.

O impacto dessas escolhas tem sido sentido não apenas na economia, mas também na política. A opinião pública americana, lembrou a especialista, exerce grande influência sobre o comportamento de senadores e lideranças partidárias. “Trump não considerou como suas decisões seriam percebidas pela população. Hoje, até parte dos republicanos passa a olhar com cautela suas medidas, preocupada com a reação dos eleitores”, disse.

Para a economista, o governo republicano teria melhores resultados se adotasse uma agenda mais técnica e menos ideológica. “Algumas decisões foram coerentes, mas Trump preferiu pautar seu discurso em vieses políticos, em vez de um viés econômico. Se tivesse priorizado a economia interna, mesmo com ajustes duros, talvez teria mais sucesso”, concluiu.

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