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Trump e Maduro: ‘Risco real e iminente’

A possível ação militar dos Estados Unidos contra a Venezuela — de ataques a laboratórios do narcotráfico ao fechamento do espaço aéreo — pode desencadear a maior crise geopolítica latino-americana em décadas. Para o economista Igor Lucena, os sinais de escalada são “reais e iminentes”, com impactos diretos nas bolsas, nas economias da região e no equilíbrio diplomático do hemisfério.

A última semana elevou a tensão no Caribe a um nível pouco visto desde a invasão do Panamá, em 1989. Segundo o economista Igor Lucena, CEO da Amero Group, há movimentações militares concretas dos EUA próximas à Venezuela, com prenúncio de operações contra estruturas ligadas ao narcotráfico.

“Vamos ter tropas americanas na costa venezuelana. As forças dos EUA devem explodir laboratórios e aumentar a presença militar na região”, afirma. A escalada se intensificou após Donald Trump confirmar que telefonou para Nicolás Maduro. O presidente americano não revelou o teor da conversa, tampouco afastou a possibilidade de intervenção.

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Pelo contrário: repetiu que pode fechar o espaço aéreo venezuelano — uma medida com peso militar imediato.

Maduro reagiu em várias frentes: pressionou a Assembleia Nacional a votar resposta aos “ataques americanos”; acusou os EUA de matar venezuelanos em águas internacionais; enviou carta à OPEP denunciando que Washington quer “tomar o petróleo venezuelano”. A retórica é a mais dura dos últimos anos — não por acaso: Caracas sabe que a correlação de forças mudou.

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Lucena destaca o movimento mais revelador da semana: a confirmação de que a Rússia enviará aviões para retirar seus cidadãos da Venezuela. “Esse tipo de operação só acontece quando há risco real à integridade física dessas pessoas”, explica. A retirada russa indica que aliados tradicionais de Maduro: não têm como protegê-lo agora (Rússia está atolada na guerra da Ucrânia); não querem criar precedentes (a China evita tomar partido para não legitimar intervenção americana em Taiwan); não têm fôlego diplomático (Irã enfrenta isolamento e conflitos próprios). Ou seja: Maduro está vulnerável e isolado como nunca.

Lucena reforça que uma ação militar americana no continente teria impacto imediato sobre o mercado financeiro: da B3 no Brasil às Bolsas do Chile, Colômbia, Argentina e México que sofreriam forte volatilidade. “É um evento que mexe com a América Latina inteira”, diz Lucena.

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O economista lembra ainda do impacto que esse tipo de ação poderia causar ao câmbio, quando o Pentágono se move, investidores correm para ativos seguros — e moedas latinas despencam. Há impactos também nos preços do petróleo e da energia já que a Venezuela apesar do colapso interno, continua sendo peça-chave na oferta global de petróleo pesado. E por último, e não menos importante, um risco à segurança do Brasil, já que Operações contra narcotráfico, observa Lucena, podem criar rotas alternativas e instabilidade nas fronteiras brasileiras.

Neutralidade do Brasil

O governo brasileiro tenta se manter fora do conflito, apesar da simpatia política histórica por Maduro. Segundo Lucena, porém, o Brasil não tem incentivos para confrontar os EUA: depende da boa vontade americana em acordos comerciais;negocia tarifas sensíveis; teme o impacto nas exportações; sabe que o eleitor brasileiro rejeita qualquer alinhamento automático com Caracas. “O Brasil não vai trocar seus interesses

Nicolás Maduro no exílio?

Lucena aponta um elemento ainda nebuloso: a possibilidade de exílio negociado para Maduro em países como: Rússia, Irã, China e Cuba. Uma saída que, segundo ele, os EUA podem ter apresentado discretamente na conversa telefônica. Mas se Maduro não aceitar — ou se o acordo ruir — a escalada militar ganha força. O risco do conflito entre EUA e Venezuela deixou de ser especulação e entrou no território das probabilidades concretas. Movimentações militares, evacuação russa, pressão diplomática e declarações públicas apontam na mesma direção.

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E como resume Igor Lucena: “Se houver uma incursão americana real, a América Latina inteira vai sentir. Esse é o maior risco geopolítico dos últimos cem anos na região.”

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