O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que vai classificar o movimento Antifa, grupo descentralizado de combate ao fascismo, como uma “organização terrorista”. A declaração apareceu em sua rede social, a Truth Social, na quarta-feira 17, e é mais um desdobramento da morte do ativista conservador Charlie Kirk, uma vez que as balas utilizadas pelo assassino continham mensagens que faziam referência à luta antifascista. O FBI diz, porém, que o atirador atuou sozinho, sem receber apoio de pessoas ou organizações.
“Tenho o prazer de informar aos nossos muitos patriotas dos Estados Unidos que estou designando o Antifa — um desastre doentio, perigoso e radical da esquerda — como uma GRANDE ORGANIZAÇÃO TERRORISTA”, escreveu o mandatário, embora não haja clareza sobre o peso legal de tal proclamação. Trump também afirmou que irá recomendar “fortemente” que os supostos financiadores do Antifa sejam “minuciosamente investigados de acordo com os mais altos padrões e práticas legais”.
Segundo especialistas, o Antifa é um movimento ideológico sem organização clara, não contando com estrutura ou hierarquia. Os investigadores não encontraram nenhuma ligação entre o principal suspeito do crime, Tyler Robinson, 22 anos, e qualquer grupo extremista. No entanto, as balas utilizadas pelo atirador continham as mensagens “Ei fascista! Pegue essa” e “Bella ciao”, em referência à canção italiana adotada pela resistência antifascista durante a Segunda Guerra Mundial.
+ O que mensagens gravadas nas munições dizem sobre o assassino de Charlie Kirk
Nos últimos dias, a Casa Branca vem promovendo uma campanha para responsabilizar grupos de esquerda pela criação de uma alegada atmosfera de hostilidade contra conservadores. Durante uma entrevista à emissora Fox News na quarta, o vice-presidente americano, J.D. Vance, afirmou que a morte de Kirk foi resultado do que chamou de “radicalização política de esquerda”.
De acordo com a agência de notícias Reuters, o governo prepara uma ordem executiva sobre violência política e discurso de ódio, embora mais detalhes não tenham sido divulgados. Para os críticos, Trump está utilizando o assassinato do ativista como um pretexto para reprimir adversários políticos.
Não é a primeira vez que o republicano aborda a ideia de designar o Antifa como um grupo terrorista. No final de seu primeiro mandato, durante uma série de protestos contra a morte de George Floyd, um homem negro, nas mãos de um policial em 2020, Trump tinha feito a ameaça — mas não frutificou.
O episódio levantou apontamentos por especialistas jurídicos, que definiram a ação como difícil de executar, carente de base legal e problemática, uma vez que levantava preocupações com a liberdade de expressão, já que adesão ideológica não é considerado crime nos Estados Unidos — onde até ser nazista é permitido.
