O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta quinta-feira, 25, que não permitirá que Israel anexe a Cisjordânia. A declaração ocorre semanas após o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, aprovar o controverso plano de um território chamado E1, entre Jerusalém e o assentamento de Maale Adumim.
“Não permitirei que Israel anexe a Cisjordânia. Não. Não permitirei. Não vai acontecer”, disse ele a repórteres no Salão Oval, acrescentando: “Já chega, é hora de parar agora.”
A retomada do E1 prevê a construção de milhares de unidades habitacionais, estradas e modernização da infraestrutura. A empreitada é estimada em cerca de US$ 1 bilhão (mais de R$ 5 bilhões). A medida pode tornar inviável a criação do Estado da Palestina e dividirá a Cisjordânia, isolando Jerusalém Oriental. O plano recebeu apoio de membros ultranacionalistas da coalizão de Netanyahu, incluindo o ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, de extrema direita, que afirmou que a iniciativa “enterrará a ideia de um Estado palestino”.
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Condenação internacional
O projeto estava congelado desde 2012 e 2020 devido a objeções internacionais. Ao aprová-lo, Netanyahu afirmou que “nunca haverá um Estado palestino”, aumentando o tom das ameaças: “Este lugar é nosso”. No momento, cerca de 700.000 colonos judeus vivem em cerca de 160 assentamentos na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, de acordo com dados do grupo israelense Peace Now.
Na véspera, o presidente da França, Emmanuel Macron, já havia alertado que qualquer tentativa de Israel de anexar a Cisjordânia seria uma “linha vermelha para os Estados Unidos”. Em meio à escalada das tensões, a França seguiu os passos nesta segunda-feira, 22, do Reino Unido, Canadá, Austrália e Portugal no reconhecimento do Estado da Palestina. Mais de 140 países dos 193 países-membros da ONU, incluindo o Brasil, reconhecem a Palestina. A medida é condenada por Israel e pelos EUA.
Macron contou à France 24 que fez um apelo ao republicano: “Você tem um papel importante a desempenhar e quer ver paz no mundo”. Ele destacou a importância de “convencer os americanos a pressionar Israel”, já que os EUA são “o país com real influência” na guerra em Gaza, iniciada em 7 de outubro de 2023.