O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta terça-feira, 9, que é a Europa é um grupo de países em “decadência” com líderes “fracos”. A declaração, feita ao jornal americano POLITICO, ocorre em meio à crescente deterioração das relações EUA–Europa, reflexo de discordâncias em questões como o fim da guerra na Ucrânia — que, segundo o plano de 28 pontos de Trump, envolveria a capitulação de Kiev — e a imigração, pauta que impulsiona a extrema direita.
“Acho que eles são fracos”, afirmou Trump sobre os líderes políticos europeus. “Mas também acho que eles querem ser politicamente corretos demais.”
“Acho que eles não sabem o que fazer”, acrescentou. “A Europa não sabe o que fazer.”
O POLITICO nomeou Trump como a figura mais influente a moldar a política europeia no próximo ano. No passado, esse reconhecimento foi concedido ao presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky; à primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni; e ao primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, aliado do republicano. Na entrevista, ele abordou a Estratégia de Segurança Nacional, um documento divulgado na semana passada pela Casa Branca, e prometeu “cultivar resistência” ao status quo da Europa em questões controversas, como imigração.
O líder americano apontou que cidades como Londres e Paris estão sobrecarregadas por imigrantes vindos do Oriente Médio e da África, alertando que alguns locais da Europa “deixarão de ser países viáveis” se não houver qualquer mudança na política de fronteiras. Em especial, Trump definiu o prefeito de esquerda de Londres, Sadiq Khan, filho de imigrantes paquistaneses e o primeiro prefeito muçulmano da cidade, como um “desastre” e alegou que ele só foi alçado ao cargo por votos de estrangeiros.
“Ele é eleito porque muitas pessoas vieram para cá. Elas votam nele agora”, disse o mandatário da Casa Branca.
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Guerra na Ucrânia
Alvo de críticas da ONU sobre tentativas de violar a soberania europeia, Trump adiantou que continuará apoiando candidatos nas eleições no continente: “Eu apoiaria. Já apoiei pessoas, mas já apoiei pessoas de quem muitos europeus não gostam. Apoiei Viktor Orbán”, disse. Ele também voltou a opinar sobre a guerra na Ucrânia e informou que entregou uma nova versão do plano de paz a autoridades de Kiev, que teriam gostado das alterações. Zelensky, contudo, ainda não analisou a proposta. “Seria bom se ele lesse”, advertiu o republicano.
Além disso, o presidente dos EUA descartou a importância dos aliados europeus nas negociações para o fim do conflito, a poucos meses de completar quatro anos, bradando: “Eles falam, mas não fazem nada, e a guerra continua indefinidamente”. Ele também colocou Zelensky na mira, e voltou a apelar para que o líder ucraniano convoque novas eleições — Moscou rejeita negociar com Kiev por alegar que o presidente não é legítimo, uma vez que seu mandato chegou ao fim em maio do ano passado.
“Já faz muito tempo que eles não têm eleições”, continuou Trump. “Sabe, eles falam de democracia, mas chega a um ponto em que deixa de ser democracia.”