O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que ainda considera a possibilidade de uma guerra contra a Venezuela em entrevista à emissora NBC News publicada nesta sexta-feira, 19. A fala vem na esteira de uma série de ações de seu governo para aumentar a pressão sobre o regime de Nicolás Maduro, como uma imensa mobilização militar próximo à costa venezuelana, no Mar do Caribe, e o bloqueio a petroleiros do país.
“Não descarto essa possibilidade, não”, disse ele à NBC News, em conversa por telefone, quando perguntado sobre um conflito aberto.
Trump tem usado as redes sociais para acusar o ditador venezuelano e seu governo de usar petróleo “roubado” para “se financiar”, além de praticar “terrorismo com drogas, tráfico de pessoas, assassinatos e sequestros”. Maduro nega veementemente todas as acusações.
Na terça-feira, o presidente americano ordenou um bloqueio total de petroleiros sancionados que entram e saem da Venezuela. Na semana anterior, um navio do gênero, carregando US$ 80 bilhões em petróleo, já havia sido apreendido pelas Forças Armadas dos Estados Unidos perto da nação sul-americana.
Até este mês, uma campanha de bombardeios contra embarcações venezuelanas que o Pentágono diz estarem levando drogas para o norte já abateu 28 pequenos barcos, matando mais de 100 pessoas. Isso inclui um ataque com disparos duplos, que está sob investigação do Congresso dos Estados Unidos. Juristas tratam as mortes como execuções extrajudiciais que violam o direito internacional; a Casa Branca sustenta que são justificadas porque já estaria em guerra contra grupos narcotraficantes.
Na entrevista, Trump disse “não discuto isso” quando questionado se descartava a possibilidade de que tais ações pudessem levar a uma guerra. Mas, quando pressionado, confirmou que um conflito não estava fora de cogitação e garantiu que haverá novas apreensões de petroleiros. Questionado sobre se há um cronograma para as operações, Trump respondeu: “Depende. Se eles forem tolos o suficiente para continuar navegando, voltarão para um de nossos portos.”
Trump também se recusou a dizer se depor Maduro era seu objetivo final. “Ele sabe exatamente o que eu quero, sabe melhor do que ninguém”, respondeu o presidente.
A admissão de que o ocupante da Casa Branca não descarta uma guerra com a Venezuela é significativa. Ele há muito tempo tenta se distinguir da ala belicista do Partido Republicano e, em 2024, fez campanha presidencial prometendo manter os Estados Unidos fora de conflitos estrangeiros.
Em seu discurso após a vitória nas eleições, Trump disse que “não ia começar uma guerra; eu vou impedir guerras.”