O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta terça-feira, 30, que o grupo radical palestino Hamas tem “três ou quatro dias” para responder ao plano de paz para Gaza ou enfrentará consequências. A proposta foi apresentada na véspera após uma reunião entre Trump e o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e demanda a libertação completa dos reféns, abre caminho para anistia dos membros do Hamas que facilitarem o processo e propõe a criação de um “Conselho da Paz”.
“O Hamas vai fazer isso ou não, e se não fizer, será um fim muito triste”, afirmou ele a repórteres do lado de fora da Casa Branca. Em seguida, respondeu a uma pergunta se há espaço para negociações com os militantes para mudanças: “Não muito”.
Trump também salientou que líderes israelenses e árabes aceitaram a proposta, acrescentando: “Só falta o Hamas”. O plano de 20 pontos colocaria fim na guerra em Gaza, que já matou 66 mil palestinos — entre eles, 440 por fome, incluindo 147 crianças. O documento estabelece que, caso ambos os lados concordem, as “forças israelenses se retirarão para a linha acordada para se preparar para a libertação dos reféns”, ao passo que o Hamas terá até 72 horas para entregar os sequestrados, vivos e mortos.
“Durante esse período, todas as operações militares, incluindo bombardeios aéreos e de artilharia, serão suspensas, e as linhas de batalha permanecerão congeladas até que sejam reunidas as condições para a retirada completa e gradual”, determina.
A proposta assinala que Gaza deverá ser uma zona “desradicalizada”, ou seja, sem grupos radicais. Sob o documento, o enclave passará por reconstrução com apoio de um comitê composto por palestinos qualificados e especialistas internacionais. A supervisão será feita por um novo órgão internacional de transição, o “Conselho da Paz”, que será presidido por Trump, com outros membros e chefes de Estado a serem anunciados, incluindo o ex-primeiro-ministro Tony Blair.
+ Hamas estuda plano de Trump para Gaza, mas adianta que texto é ‘totalmente parcial’ a Israel
Sob análise do Hamas
O Hamas deve se reunir com mediadores do Catar e da Turquia ainda nesta terça-feira, 30, para estudar o plano de Trump. Mas uma fonte próxima ao grupo palestino adiantou à agência de notícias Reuters que a proposta é “completamente parcial em favor de Israel” e impõe “condições impossíveis” com o objetivo de eliminar o Hamas.
“O que Trump propôs é a adoção total de todas as condições israelenses, que não concedem ao povo palestino ou aos moradores da Faixa de Gaza quaisquer direitos legítimos”, declarou a autoridade palestina, que pediu para não ser identificada, à Reuters.
Não está claro, porém, se o Hamas vai rejeitar o plano, já que isso poderia colocar o grupo em conflito com os países árabes e muçulmanos que chancelaram o texto. De acordo com uma fonte próxima ao Hamas entrevistada pela AFP, “pode levar vários dias” para analisar a proposta de Trump para o fim da guerra, em especial dadas às complexidades de comunicação após um ataque israelense em Doha contra lideranças do grupo palestino.