O presidente dos Estados Unido, Donald Trump, contestou um relatório preliminar do Departamento de Defesa de que ataques americanos ao Irã isolaram as entradas de duas instalações nucleares, mas não foram capazes de desabar os prédios subterrâneos, provocando apenas um impacto limitado sobre o programa nuclear do país. A repórter durante cúpula da Otan em Haia, na Holanda, o republicano disse nesta quarta-feira, 25, que o documento é “muito inconclusivo”.
“A Inteligência diz que não sabemos. Pode ter sido muito severo. É isso o que a Inteligência diz. Então, acho que isso está certo, mas acho que podemos partir do princípio de que não sabemos. Foi muito severo. Foi aniquilação”, disse.
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Apesar de Trump alegar em diferentes ocasiões que os alvos foram “totalmente destruídos”, gerando um prejuízo de anos a Teerã, o documento do Pentágono, divulgado na terça-feira pelo jornal The New York Times nesta terça-feira, 24, também mostra que grande parte do estoque de urânio enriquecido iraniano havia sido transferido para instalações secretas antes dos ataques e que, na verdade, pouco material nuclear foi destruído. Caso esse cenário seja verdadeiro, o Irã ainda teria plena capacidade para produzir uma bomba nuclear em pouco tempo.
Antes dos ataques de Israel ao Irã, que levaram à guerra, agências de Inteligência dos EUA alertavam que o programa iraniano poderia fabricar uma bomba nuclear em cerca de três meses caso tentasse apressar o processo de fabricação. Agora, segundo o relatório de cinco páginas, o programa foi adiado em menos de seis meses após os ataques de Washington e Tel Aviv.
Antes da fala de Trump sobre o documento, a Casa Branca já havia rejeitado a conclusão do relatório, dizendo ser “completamente errada”.
“O vazamento desta suposta avaliação é uma tentativa clara de rebaixar o presidente Trump e desacreditar os bravos pilotos de caça que conduziram uma missão perfeitamente executada para destruir o programa nuclear do Irã”, afirmou a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, em comunicado. “Todo mundo sabe o que acontece quando você lança 14 bombas de 13.600 kg perfeitamente sobre seus alvos: destruição total”.
Promessas do Irã
O chefe nuclear do Irã, Mohammad Eslami, afirmou que o país está avaliando os danos à sua indústria nuclear após a campanha de bombardeios de Israel nos últimos 12 dias e os ataques dos Estados Unidos. Segundo ele, providências foram tomadas para sua restauração. Os bombardeios atingiram locais de enriquecimento de urânio e diversas instalações de pesquisa e desenvolvimento ligadas ao programa.
“O plano é evitar interrupções no processo de produção e serviços”, disse Eslami, segundo a agência de notícias estatal iraniana Mehr News, alegando que Teerã tinha se preparado com antecedência para danos às suas instalações nucleares.
Nesta quarta-feira, o Parlamento do Irã aprovou um projeto de lei para suspender a cooperação com o órgão de fiscalização nuclear das Nações Unidas, informou a agência de notícias estatal Nournews. O presidente da casa legislativa, Mohammad Baqer Qalibaf, também declarou que o país vai acelerar seu programa nuclear civil.
Teerã nega ter objetivo de construir armas nucleares e acusou uma resolução adotada neste mês pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), declarando que o Irã violou suas obrigações de não proliferação, de abrir caminho para os ataques de Israel.
De acordo com a Nournews, o presidente do Parlamento disse que a AIEA se recusou até mesmo a condenar o ataque às instalações nucleares iranianas e “colocou sua credibilidade internacional à venda”.