As entrevistas do presidente norte-americano Donald Trump são geralmente cercadas por polêmicas ou revelam novas informações. Não foi diferente com a presença dele na final da Copa do Mundo de Clubes da Fifa, neste último domingo. Após a decisão entre PSG x Chelsea, no MetLife Stadium, em New Jersey, ele concedeu entrevista à emissora DAZN, detentora dos direitos de transmissão da competição, e afirmou que cogita assinar uma ordem executiva obrigando o soccer a ser chamado de football nos EUA. “Eu acho que podemos fazer isso, acho que eu poderia fazer isso”, declarou.
A modalidade que os brasileiros conhecem como futebol é considerada uma criação dos ingleses, em 1863. E apesar dos mesmos serem defensores do termo football, a palavra soccer não é um mero ‘americanismo’, e deriva de uma palavra dos próprios criadores do esporte. Nos anos 1880, estudantes de Oxford, em Londres, diferenciavam o rugby football e o association football, que viriam a se tornar o rugby e o futebol de hoje, com apelidos: o primeiro era rugger, enquanto o segundo era o assoccer, mas não passavam de termos informais. Nos Estados Unidos, porém, a moda pegou e a United States Football Association de 1910, virou United States Soccer Football Association em 1945. O termo football no país se refere ao futebol americano, enquanto o soccer ao futebol jogado com os pés.
Quis o destino, ou melhor Gianni Infantino, que na terra do soccer, fosse disputada a primeira Copa do Mundo de Clubes da Fifa. Trump foi um dos convidados de honra do presidente da entidade esportiva e a aproximação dos dois mandatários é cada vez maior, talvez já visando a Copa do Mundo de Seleções, que também acontece nos Estados Unidos, em meados de 2026. Tanto foi assim que o presidente americano foi um dos protagonistas na entrega da premiação e da taça da competição aos jogadores dos finalistas Chelsea e PSG.
Porém, o soccer, ou futuramente football também nas bandas do tio Sam, como cogita Trump, não está nem entre os cinco esportes mais populares dos Estados Unidos, que ainda vê na frente o futebol americano (NFL), o basquete (NBA), o beisebol (MLB), o boxe, o hóquei no gelo (NHL) e até mesmo o futebol americano universitário, conhecido como College Football. Talvez depois disso apareça o soccer, por meio da MLS, a Major League Soccer, que se viu potencializada nos últimos dois anos depois de investimentos milionários de craques mundiais, caso de Lionel Messi, atualmente no Inter Miami.
Trump tem declarado que quer ver o futebol crescer nos EUA, na esperança de que em breve ele possa se igualar às outras posições do país no cenário mundial. Mas será que a mudança do nome pode ter algum efeito? Ivan Martinho, professor de marketing esportivo pela ESPM, analisa: “Acredito que seria uma mudança histórica, que vai mostrar uma verdade mundial que os EUA resistiu por anos de um esporte que foi inventado por ingleses e não americanos. Os mais tradicionais não vão gostar. Já os de descendência latina, que já são quase 20% da população, irão gostar, e a popularização virá nas próximas gerações que aprenderão a chamar de football o esporte jogado com os pés.”
Para Fábio Wolff, sócio-diretor da Wolff Sports e especialista em marketing esportivo: “Os Estados Unidos vem tentando emplacar o soccer há algumas décadas. O futebol feminino é um sucesso, a seleção nacional inclusive é uma das grandes potências. O futebol masculino não decolou ainda, encontra-se em fase de crescimento lento e gradual. Na minha opinião, alterar o soccer para football pode causar uma confusão desnecessária até porque não acho que esse seja o gatilho para o foguete decolar. Prefiro a fórmula do planejamento, estratégia, investimento e tempo