O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que imigrantes somali de Minnesota e seus representantes eram “lixo” e disse desejar que eles fossem enviados “de volta para onde vieram”. As declarações foram feitas na terça-feira, 2, durante uma reunião de gabinete televisionada, em uma reação a denúncias de fraudes envolvendo a população somali local, e causaram forte impressão não somente pela retórica agressiva, mas também por quão confortável o mandatário esteve em promovê-la.
“Eles não contribuem em nada. O país deles fede, e nós não os queremos no nosso país”, afirmou Trump. Segundo o presidente, os Estados Unidos irão para “o lado errado se continuar a aceitar lixo”, em clara referência aos imigrantes oriundos da Somália. O mandatário também criticou a deputada democrata Ilhan Omar, nascida na Somália, afirmando que “ela é lixo”.
Não é a primeira vez que Trump utiliza uma retórica ofensiva para criticar a presença de imigrantes oriundos de nações com alta instabilidade político-social. Durante seu primeiro mandato, em uma reunião a portas fechadas na Casa Branca, o presidente exigiu saber por que os EUA estavam aceitando imigrantes de “países de merda” como o Haiti e algumas nações africanas. Os comentários foram rapidamente divulgados pela mídia, com a indignação generalizada forçando o presidente a se retratar.
Dessa vez, o cenário é diferente. A secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt afirmou que as declarações de Trump foram “incríveis” e o momento foi “épico”, enquanto a porta-voz Abigail Jackson declarou, em comunicado, que “os americanos que sofreram na mão desses esquemas vão celebrar os comentários do presidente”. Membros do Partido Republicano, por sua vez, mantiveram um silêncio assustador sobre o tema.
Embora Trump tenha um longo histórico de retórica racista e xenofóbica, defensores dos direitos civis e pesquisadores dizem que a normalização de tais comentários na sociedade americana atual tem permitido que as falas do republicano se tornem cada vez mais agressivas e ousadas, com muitos de seus aliados e apoiadores concordando com as declarações.
“O racismo não é mais um sinal codificado na América”, declarou a ativista LaTosha Brown, co-fundadora do Black Voters Matter Fund, um grupo que busca aumentar o registro e a participação eleitoral em comunidades negras. “Estamos mirando e desumanizando as pessoas”, diz Brown.
+ Trump proíbe entrada nos Estados Unidos de cidadãos de doze países — veja lista
Tensão em Minnesota
A declaração de Trump ocorre em meio a denúncias de desvio de verbas envolvendo a comunidade somali no estado americano de Minnestota. Segundo o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, um inquérito está em andamento para apurar as alegações de que dinheiro oriundo dos impostos locais está sendo desviado para o grupo militante Al-Shabab, que controla grandes áreas na Somália.