Os Estados Unidos irão impor uma tarifa de 25% à Índia a partir do dia 1º de agosto, quando o ‘tarifaço’ entra em vigor. O anúncio foi feito pelo presidente Donald Trump na manhã desta quarta-feira, 30, por meio do seu perfil na rede Truth Social.
“Embora a Índia seja nossa amiga, fizemos poucos negócios com eles ao longo dos anos por suas tarifas serem muito altas. Elas estão entre as mais altas do mundo, e eles têm as barreiras comerciais não monetárias mais rigorosas e desagradáveis de qualquer país”, disse ele. Trump afirmou que a quinta maior economia do mundo também receberá uma multa não especificada, mas não deu detalhes sobre as razões ou qual o valor da penalidade.
O presidente também expressou descontentamento com a relação de Nova Dehli com Moscou, afirmando que os indianos “sempre compraram a maioria de seus equipamentos militares da Rússia e são os maiores compradores de energia” do regime de Vladimir Putin em um momento no qual “todos querem que a Rússia pare com a matança na Ucrânia”.
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A decisão americana encerra qualquer esperança de um acordo comercial limitado entre os dois países, que negociavam há vários meses, incluindo questões controversas como o acesso ao mercado indiano para produtos agrícolas e laticínios americanos.
Mesmo com autoridades indicando que Washington é um parceiro fundamental, a Índia resistiu à possibilidade de abrir seu mercado interno às importações de trigo, milho, arroz e soja dos EUA, alegando que isso causaria risco à subsistência de milhões de trabalhadores indianos.
É esperado que as exportações indianas com destino aos Estados Unidos sejam duramente afetadas pela decisão. Esse comércio, estimado em 87 bilhões de dólares no ano passado, inclui itens de vestuário, pedras preciosas e joias, além de itens farmacêuticos e petroquímicos.
A adoção das novas tarifas deve acontecer apesar dos compromissos anteriores de Trump junto ao primeiro-ministro da Índia, Narenda Modi, para finalizar a primeira fase de um acordo comercial até o outono de 2025. O objetivo do pacto seria expandir o comércio entre as duas nações, estimado em 191 bilhões de dólares no ano passado, para 500 bilhões até 2030.
No entanto, é provável que as exportações de energia e produtos manufaturados americanos para o mercado indiano sofram retaliações caso Nova Dehli decida responder na mesma moeda.
Atualmente, os Estados Unidos têm um déficit comercial anual com a Índia superior a 45 bilhões de dólares. Washington já havia alertado o governo de Modi sobre as altas tarifas aplicadas a produtos americanos – aproximadamente 39% sobre itens agrícolas, com taxas subindo para 45% em óleos vegetais e 50% para milho e maçãs.
O país asiático se junta a uma lista crescente de estados que enfrentarão uma elevação de tarifas a partir de 1º de agosto, o tão alardeado “Dia da Libertação” de Donald Trump. Até o momento, a política comercial do presidente tem o objetivo de reformular suas relações comerciais, utilizando as taxas para supostamente exigir “maior reciprocidade”.