O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta quarta-feira, 27, que o financista bilionário, filantropo e doador proeminente democrata George Soros e seu filho, Alex Soros, deveriam ser acusados sob a Lei de Organizações Corruptas e Influenciadas por Extorsão (RICO, na sigla em inglês) por suposto apoio a “protestos violentos”. Averso ao republicano, Soros é arqui-inimigo da direita americana, sendo alvo recorrente dos mais variados ataques ao apoiar causas humanitárias, de educação à saúde pública.
“George Soros e seu maravilhoso filho da Esquerda Radical deveriam ser acusados de RICO por seu apoio a Protestos Violentos, e muito mais, em todos os Estados Unidos da América”, escreveu Trump na Truth Social, rede social da qual é dono, sem apresentar provas ou detalhes sobre quais manifestações se referia. “Isso inclui seus amigos loucos da Costa Oeste. Cuidado, estamos de olho em vocês!”
Em resposta, um porta-voz da Open Society Foundations, organização humanitária de Soros, definiu as alegações como “ultrajantes e falsas”, acrescentando que a entidade “não apoia nem financia protestos violentos” e, sim, promove “os direitos humanos, a justiça e os princípios democráticos no país e no mundo todo”.
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Quem é George Soros
Nascido em Budapeste, Soros, de 95 anos, é um sobrevivente do holocausto. Ele resistiu ao regime nazista e ao comunismo, tendo migrado para Nova York, nos EUA, em 1956. Construiu uma pomposa fortuna no mercado financeiro — em 1992, ganhou 1 bilhão de dólares em um único dia vendendo libras esterlinas a descoberto, o que lhe rendeu a duvidosa fama de “o homem que quebrou o Banco da Inglaterra”.
Ele também apostou na filantropia, investindo na democracia em ex-nações soviéticas, e fundou a Open Society Foundations em 1993. É conhecido por ser um grande apoiador do Partido Democrata, tendo contribuído pessoalmente com 128,5 milhões de dólares ao Partido Democrata em 2022. Do seu patrimônio, hoje avaliado em US$ 7 bilhões, doou impressionantes US$ 15 bilhões.
Soros virou rosto de uma série de questões de direitos humanos abominadas pela direita linha-dura, como humanização do sistema prisional e acolhimento de refugiados. No ano passado, durante a campanha presidencial, Trump chegou a acusá-lo de financiar o promotor Alvin Bragg, que liderou casos contra o republicano, inclusive a condenação por 34 acusações criminais, entre elas o suborno da ex-atriz pornô Stormy Daniels para que ficasse em silêncio durante a corrida eleitoral de 2016 sobre o caso extraconjugal que tiveram anos antes.