Fala, pessoas! Mais uma semana começando e, por aqui, seguimos firme tirando dúvidas que surgem no dia a dia — inclusive nas conversas mais informais.
Na semana passada, durante um papo com alguns amigos, um deles comentou ironicamente que, na sua região, é comum ouvir a expressão: “Eu trusse a caixa de som”. Foi aí que entrei na conversa para trazer (olha o verbo aí!) um esclarecimento importante sobre preconceito linguístico.
O que é preconceito linguístico?
Expliquei que a forma de falar muda de região para região, e isso não significa que alguém está “errado”. Linguisticamente dizemos que determinada construção está adequada ou inadequada à situação de uso. Entre amigos não há problema algum em falar assim. Quem não usa uma linguagem mais informal quando está entre amigos próximos que atire a primeira pedra, afinal, fora de um ambiente mais formal como o ambiente de trabalho é comum que usemos construções mais cotidianas. O Brasil é um país continental, com uma diversidade imensa de sotaques e construções linguísticas. Portanto, muitas expressões fazem parte da identidade regional dos falantes e não devem ser motivo de chacota.
Mas, claro, a pergunta que ficou no ar, e que resolvi trazer para esta coluna, foi: como se escreve corretamente o verbo “trazer” no passado? É “trusse”, “trousse” ou “trouxe”?
Qual é a forma correta: trouxe, trousse ou trusse?
Para quem acompanha a coluna, a resposta vem fácil: a forma correta é trouxe. “Trouxe” é a conjugação do verbo trazer na 1ª e na 3ª pessoa do singular do Pretérito Perfeito do Indicativo.
Exemplo:
Eu trouxe a caixa de som. Ela trouxe o presente de viagem.
Mas por que tanta gente escreve “trusse” ou “trousse”?
A confusão é mais comum do que parece. Isso acontece porque, no dia a dia, usamos os verbos principalmente na fala, e não na escrita. Na fala, muitos sons se misturam e não prestamos tanta atenção à estrutura correta das palavras.
Além disso, poucas pessoas estudam a conjugação dos verbos de forma prática, o que dificulta reconhecer a forma correta quando precisam escrever. Daí surgem os “trousse” e “trusse”, que não existem na norma culta da língua portuguesa.
“Trusse” e “trousse” existem?
Não. Apesar de serem usados oralmente em algumas regiões, essas formas não são reconhecidas na gramática normativa. Logo, devem ser evitadas na escrita formal.
Dica final
Agora que você entendeu tanto a importância de respeitar as variações linguísticas quanto a forma correta de usar o verbo “trazer” no passado, pode escrever com segurança e sem medo de errar!
Ah, e lembre-se: toda terça e quinta tem conteúdo novo aqui na coluna. Vamos que vamos!
— Professor Noslen Borges
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Revisão textual: Prof.ª Ma. Glaucia Dissenha