O Volkswagen Tera chegou ao mercado em maio deste ano com a difícil missão de se tornar tão importante para o mercado brasileiro quanto o Gol e o Fusca, dois modelos da montadora alemã que fizeram história por aqui. O SUV compacto desenvolvido para o Brasil – mas já mirando outros mercados importantes – é moderno e vem conquistando espaço rapidamente. Em setembro, foi o SUV mais vendido do país, com 7.610 unidades emplacadas, mais que concorrentes como o Toyota Corolla Cross, queridinho do mercado. Desde seu lançamento, emplacou 17.716 unidades. Na noite de lançamento, 12 mil pedidos foram feitos em apenas 50 minutos. O interesse pelo novo SUV da marca é grande. Mas como ele se comporta no dia a dia?
Durante uma semana, testamos o Tera na versão High, a topo de linha, para entender o apelo desse carro. E ele surpreende em muitos aspectos.
Com linhas assinadas por José Carlos Pavone, chefe de design da Volkswagen nas Américas, e seu time, o Tera tem um visual que chama a atenção. Embora seja um SUV compacto (ou um crossover, categoria que mescla elementos de SUVs e hatches ou sedãs), com 4,15 metros de comprimento, 1,78 metro de largura e 1,5 metro de altura, com dimensões semelhantes ao de um Fiat Pulse, ele parece maior. É suficientemente compacto para caber em qualquer vaga, mas proporciona uma sensação de que é um carro maior.
O novo Tera chegou ao mercado com duas motorizações: o 1.0 MPI aspirado, que já equipa o Polo Track e Robust, com 84 cv, e o 1.0 170 TSI turbo, usado nas versões de entrada de outros modelos da Volkswagen, como Polo e Virtus, com 116 cv. Para a proposta urbana do modelo, a cavalaria é suficiente. As acelerações não empolgam tanto, especialmente em momentos de ultrapassagem em velocidades mais altas, numa rodovia, por exemplo. Mas na cidade ele é bastante ágil.
A Tera é bom de dirigir, especialmente para quem prefere uma posição mais elevada. Sua calibração de troca de marchas e suspensão foi muito bem feita pela equipe de engenharia da Volkswagen. O resultado é um comportamento dinâmico bem acertado, com uma agilidade no trânsito da cidade e fôlego para a estrada. Também é econômico. Nos testes, obtivemos uma média de 12 km/l de gasolina em um circuito majoritariamente urbano, com trechos em rodovias.
O novo crossover é ainda um veículo moderno. Desde a versão MPI, a mais básica, com câmbio manual e motor aspirado, ele é equipado com quadro de instrumentos digital, central multimídia de 10,1 polegadas, faróis full-led, seis airbags, frenagem automática de emergência, detector de fadiga e piloto automático. São equipamentos importantes que nem todos os seus concorrentes apresentam. Além disso, na versão High testada, é possível comprar um pacote Adas adicional, por R$ 2.879, que inclui assistente de permanência na faixa (Lane Assit), câmera multifuncional e detector de ponto cego com assistente de saída de vaga. São tecnologias que aumentam a segurança a bordo.

O espaço interno é uma das óbvias limitações do Tera. Pelas dimensões reduzidas, quem viaja na segunda fileira vai mais apertado, especialmente se os ocupantes dos bancos da frente forem mais altos. Quem viaja na primeira fileira não sente tanto aperto. Há apoio de braço para o motorista, ajustável, mas que fica preso ao banco do motorista. O porta-malas é de 350 litros, bastante razoável para sua categoria. Para efeito de comparação, o Pulse tem 370 litros divulgados oficialmente, mas 320 litros em testes práticos. Ou seja, tem bom espaço para bagagens, mas não faz milagre para quem viaja de passageiro. Há boas soluções para porta-objetos e copos, com bom aproveitamento do espaço.
O lançamento do Tera provocou uma mudança no mercado. Em um trimestre de retração — entre junho e agosto, o setor caiu 1,0% em relação a 2024 — a Volkswagen destoou, com crescimento de 13,8% em volume e ganho de 2,3 pp em participação, segundo análise da consultoria Bright Consulting, especializada no setor automotivo. O novo SUV é apontado como principal vetor do bom desempenho, amparado também pelo portfólio atual, que inclui o Nivus e o T-Cross.
Ao volante, o novo Tera surpreende por seu comportamento ágil, bom pacote de equipamentos e projeto moderno. Na comparação com seus concorrentes, o que pesa mais é o preço. Na versão topo de linha, com o pacote opcional de Adas, pintura em duas cores e o pacote Outfit, que inclui bancos com revestimento premium, pára-choque na cor do veículo, retrovisores e maçanetas na cor preta e rodas de liga diamantadas escurecidas de 17 polegadas, o valor do Tera chega em R$ 148.849,00. Custa R$ 2 mil a mais que a versão topo de linha do Pulse (sem contar a versão esportiva Abarth), com sistema híbrido leve. Também encosta na versão mais cara do Kardian, SUV compacto da Renault, que custa R$ 149.990, mas tem motor levemente mais potente, com 126 cv. No fim, a escolha depende das preferências e do perfil do consumidor. A seu favor, o Tera tem um projeto moderno e a dirigibilidade que é marca da montadora alemã.