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‘Tem gente que precisa de um inimigo para fazer política’, diz Lula sobre tensão Trump-Maduro

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a colocar o Brasil à disposição para mediar as tensões entre Estados Unidos e Venezuela durante conversa com jornalistas no Palácio do Planalto, em Brasília, nesta quinta-feira, 18, lembrando que fez o meio campo nas negociações entre os então líderes dos países, o venezuelano Hugo Chávez e o americano George W. Bush, na década de 2000.

O petista alfinetou (não se sabe se Trump, Maduro, ou ambos), ao sugerir que a tensão seria fabricada: “Tem gente que precisa de um inimigo para fazer política. Aqui no Brasil já teve muita gente assim. Já eu faço política procurando soluções aos problemas. Por isso acredito muito na palavra, no poder de persuasão, no poder de convencimento. Se os problemas que estão em litígio são os que aparecem na imprensa, não há porquê utilizar a arma. Não há porquê.”

Lula lembrou que fez o meio de campo “por oito anos” durante as tensões entre Washington e Caracas na década de 2000 e traçou paralelos com a situação atual. “Aquela briga não era verdadeira. Se fosse, os Estados Unidos interromperiam a importação de petróleo venezuelana, ou Chávez trancaria a exportação. Mas nenhum dos dois faz nada, ou seja, então é uma briga para enganar quem?”, questionou. “E é a mesma coisa com o presidente Trump e o Maduro. É importante resolver essas pendengas todas numa mesa de negociação. É só ter vontade.”

O petista afirmou que a diplomacia é o melhor caminho para resolver a questão, mas ressaltou que, para isso, tanto Donald Trump como Nicolás Maduro precisam deixar claros quais são seus objetivos.

“Não pode ser apenas a questão de derrubar o Maduro. Quais são os interesses outros que a gente ainda não sabe?”, questionou Lula, quando perguntado sobre o impasse entre Caracas e Washington. “Nunca ninguém disse concretamente por que é preciso fazer essa guerra. Não sei se o interesse é só o petróleo da Venezuela, não sei se o interesse são os minerais críticos, não sei se o interesse são as terras raras. O dado concreto é que ninguém coloca na mesa o que quer.”

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O mandatário brasileiro lembrou que manteve conversas por telefone tanto com Maduro (na semana passada) quanto com Trump (em seguida), e afirmou que disse a ambos que o Brasil pode atuar como mediador. Ele ressaltou que pode “ter que” ligar para o ocupante da Casa Branca novamente, antes do Natal, para discutir o assunto.

“Falei para o presidente Maduro que se ele quisesse que o Brasil ajudasse alguma coisa, ele tinha que dizer o que ele gostaria que a gente fizesse. E disse ao Trump, se você achar que o Brasil pode contribuir, nós teremos todo interesse de conversar com a Venezuela, de conversar com vocês, conversar com outros países, para que a gente evite um confronto armado aqui na América Latina”, disse ele. “O Brasil tem muito apreço por isso, porque nós temos muitos quilômetros de fronteira com a Venezuela e tem muita responsabilidade aqui na América do Sul. Nós não queremos uma guerra aqui no nosso continente.”

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