O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), participou do ato organizado pela direita na Avenida Paulista, neste domingo, 7, criticou o julgamento de Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF) e pressionou o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos), para colocar em votação o projeto que prevê anistia aos condenados pelos atos do 8 de Janeiro — entre eles, o ex-presidente.
Tarcísio, que na última semana entrou de vez como principal articulador do texto, começou sua fala dizendo que, apesar do Sete de Setembro, o Brasil não pode comemorar a Independência porque, segundo ele, não há um cenário de liberdade.
“Essa festa aqui não está completa, porque Jair Messias Bolsonaro não está aqui conosco. Aí, a gente precisa se perguntar: liberdade, democracia representativa, estado de Direito. Porque às vezes a gente é tão tímido pra defender esses ideais. Não podemos ser mais tímidos. Vamos defender isso com toda a força da nossa alma”, declarou à multidão.
Ao falar sobre o julgamento sobre tentativa de golpe de Estado, do qual o ex-presidente e outros sete réus são alvos no Supremo, Tarcísio voltou a dizer que o processo se dá sobre um crime que “não existiu”. “Tentam criar uma narrativa de que o 8 de Janeiro foi uma tentativa de golpe de Estado. E pra quem assistiu os embates entre a Procuradoria-Geral da República e a defesa, deve ter ficado impressionado. Porque todos os advogados questionaram o cerceamento de defesa. Todos disseram: não conseguimos fazer a nossa defesa. Será que isso nos dá um julgamento justo?”, questionou.
“Não existe um documento. Não existe uma ordem. Do que a gente está falando então? Como vão condenar uma pessoa sem nenhum prova? Eles têm uma única delação, de um único colaborador, que mudou a versão seis, sete vezes, em três dias, sob coação. Essa delação vale para alguma coisa? Uma delação mentirosa. Não se pode destruir a democracia sob pretexto de resgatá-la”, disse Tarcísio, em alusão à colaboração firmada pelo ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid.
Tarcísio afirmou não ser a favor da “impunidade”, mas prosseguiu dizendo que não é possível aceitar uma condenação sem provas, o que, segundo ele, abriria uma ferida que “nunca vai fechar no país”.
“E se a gente está aqui hoje defendendo uma anistia, é porque a gente sabe que esse processo está maculado, está viciado. E essa anistia, assim como foi em 1979, tem que ser ampla, tem que alcançar todo mundo, tem que ser irrestrita. Essa anistia tem que ser garantia da liberdade. Essa anistia tem que nos encontrar, tem que fazer a gente nos encontrar com a nossa tradição de reconciliação, com a nossa tradição de pacificação. Pra que a gente possa ter um país unido”, declarou.
O governador de São Paulo subiu o tom do discurso ao mencionar o correligionário Hugo Motta e defender que pautar o projeto de anistia é competência do Legislativo. “É por isso que a gente tá aqui pra dizer pro Hugo Motta: paute a anistia. Presidente de Casa nenhuma pode conter a vontade da maioria do Plenário, a vontade de mais de 350 parlamentares. Então, Hugo, paute anistia. Deixa a Casa decidir. E eu tenho certeza que ele vai fazer isso, porque trazer a anistia para a pauta é trazer a justiça, é resgatar o país”, afirmou.
Ao criticar os excessos do Supremo Tribunal Federal, Tarcísio citou matéria recente do jornal New York Times, que questionou supostos excessos em decisões do ministro no âmbito do inquérito das fake news e disse que um bom juiz deve ser reconhecido “pelo respeito, e não pelo medo”. Sem citá-lo nominalmente, Tarcísio fez menção ao ministro Alexandre de Moraes.
“Chega do abuso. Chega. (…) Tenho certeza que a gente vai fazer justiça por Bolsonaro, que a gente vai ver Bolsonaro disputando eleição. Tenho certeza que os presos políticos vão ser libertos. Porque o bem vai vencer o mal. Não vamos mais aceitar que nenhum ditador diga o que a gente tem que fazer”, declarou. No fim de seu pronunciamento, citou o ministro diretamente: “Ninguém aguenta mais a tirania de um ministro como Moraes”.