O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, resolveu radicalizar seu discurso, às vésperas do julgamento do STF que deve condenar o ex-presidente Bolsonaro por tentativa de golpe de estado. No ato deste domingo, Dia da Independência, convocado pela direita na avenida Paulista, o aliado pressionou o presidente da Câmara, Hugo Motta, a pautar a anistia e atacou o ministro da Suprema Corte Alexandre de Moraes.
‘Não vamos mais aceitar que nenhum ditador diga o que a gente tem que fazer’, declarou. No fim de seu pronunciamento, citou o ministro diretamente: ‘Ninguém aguenta mais a tirania de um ministro como Moraes.’
Na semana passada, o governador entrou de cabeça na articulação do projeto da anistia na Câmara. A iniciativa fez com que a pauta ganhasse ainda mais apoio, apesar dos presidentes do Legislativo resistirem a pautá-la.
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, chegou a se comprometer com um texto alternativo, que não inclua os financiadores e organizadores da trama golpista. Fato que é rechaçado pela oposição que busca uma proposta ampla, geral e irrestrita que beneficie o ex-presidente.
Tarcísio vinha sendo alvo constante de bolsonaristas, em especial dos próprios filhos do ex-capitão, que o acusam de querer apenas usar o espólio eleitoral de Bolsonaro. As duras críticas se tornaram públicas e geraram desgaste para a direita. Na tentativa de conter o movimento e ganhar apoio do ex-presidente para disputar as eleições à presidência no ano que vem, o governador tem radicalizado cada vez mais o tom.
Com esse gesto, Tarcísio que já conta com forte apoio do Centrão, quer se cacifar como candidato. Vale lembrar que o projeto da anistia não deve tornar o ex-presidente elegível novamente. Caso a proposta não ande no Congresso, o chefe do executivo paulista já avisou que seu primeiro ato de governo será o indulto ao ex-chefe. Até agora, segundo as pesquisas, o ex-ministro é o que mais tem chances reais de ganhar numa disputa contra o presidente Lula. O ex-presidente sabe disso e se vê cada vez mais sem saída.
Para Tarcísio, resta saber se a estratégia de desacreditar a justiça, no mínimo arriscada, vai fazer com que ele ganhe os votos de bolsonaristas e não perca espaço entre os eleitores mais moderados.