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Tailândia e Camboja anunciam cessar-fogo após dias ataques por disputa territorial

O ministro da Malásia, Anwar Ibrahim, anunciou nesta segunda-feira, 28, que a Tailândia e o Camboja assinaram um acordo para um cessar-fogo “imediato e incondicional”, após receber os líderes de ambos países para negociações. A trégua terá início à meia-noite do horário local (14h em Brasília).

“Tanto o Camboja quanto a Tailândia chegaram a um entendimento comum”, disse Ibrahim após as conversas na Malásia.

Pior conflito entre os países vizinhos em décadas, os confrontos que eclodiram na semana passada em regiões fronteiriças (uma disputa antiga) deixaram ao menos 35 mortos, mais de 200 feridos e deslocaram mais de 270 mil pessoas. Poucas horas antes do início das negociações, as Forças Armadas das duas nações ainda trocavam disparos – autoridades cambojanas acusaram a Tailândia de atacar pelo menos dois locais nesta madrugada, enquanto o exército tailandês afirmou que havia confrontos ativos em três províncias.

Além do primeiro-ministro cambojano, Hun Manet, e do primeiro-ministro tailandês em exercício, Phumtham Wechayachai, os embaixadores dos Estados Unidos e da China na Malásia também participaram do encontro na capital administrativa, Putrajaya. A reunião foi realizada na residência de Ibrahim, presidente da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), principal bloco da região.

Na terça-feira, 29, as nações devem realizar ainda uma reunião entre os comandantes regionais cambojano e tailandês, e em 4 de agosto, foi marcado o primeiro encontro do recém-criado Comitê Geral de Fronteiras Cambojano-Tailandesa, sediado pelo Camboja. A Malásia se comprometeu a enviar equipes às regiões marcadas por conflitos para “garantir a implementação e o cumprimento” do cessar-fogo.

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“Este é um passo importante para reduzir as tensões e restaurar a paz e a segurança”, disse Hun Manet em comunicado, no qual agradeceu especificamente ao primeiro-ministro malaio, ao governo chinês e a Donald Trump por seu apoio no processo de negociação.

O presidente dos Estados Unidos anunciou no sábado que os países do Sudeste Asiático concordaram em abrir negociações de cessar-fogo, embora os combates tenham continuado durante todo o fim de semana. Trump disse ter alertado os líderes tailandês e cambojano de que não assinaria acordos comerciais com nenhum dos países enquanto o conflito mortal na fronteira continuasse.

“O resultado de hoje reflete o desejo da Tailândia por uma resolução pacífica, continuando a proteger nossa soberania e as vidas de nosso povo”, disse o premiê Phumtham Wechayachai em coletiva de imprensa. “Concordamos com um cessar-fogo que será executado de boa-fé por ambas as partes.”

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Apesar da trégua, tanto a Tailândia quanto o Camboja trocaram acusações ao longo das tratativas por darem início ao mais recente conflito na fronteira.

Tensões em ascensão

Nas últimas décadas, Tailândia e Camboja nutriram uma relação complexa, tanto de cooperação quanto de rivalidade. Os dois países compartilham uma fronteira terrestre de 800 quilômetros, em grande parte mapeada pelos franceses na época em que controlavam o território cambojano como colônia. Ela tem sido palco para diversos confrontos militares.

Antes da mais recente eclosão de violência, a tensão vinha aumentando desde maio, quando um soldado cambojano foi morto numa troca de tiros com forças tailandesas na fronteira.

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As relações se deterioraram ainda mais após a divulgação de uma conversa por telefone vazada entre a primeira-ministra da Tailândia, Paetongtarn Shinawatra, e o influente ex-premiê cambojano Hun Sen, pai do atual líder do país. Na ligação, Paetongtarn chamou o homem de “tio”, em tom de deferência, e criticou as ações de seu próprio Exército na disputa fronteiriça, o que levou à sua suspensão do cargo pelo Tribunal Constitucional.

Os ataques em si começaram depois que cinco soldados tailandeses foram feridos, perdendo membros, devido à explosão de uma mina terrestre na semana passada. Bangkok acusou o Camboja de plantar a mina na região de fronteira propositalmente, o que o país nega. Em seguida, ocorreram confrontos mortais, com bombardeios, trocas de tiros entre soldados e uso de jatos militares.

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