Um dos suspeitos pelo desaparecimento de quatro homens na cidade de Icaraíma, no Paraná, Antonio Buscariollo, de 66 anos, foi candidato a vereador do município pelo PSD em 2024, mas não conseguiu se eleger. A primeira tentativa eleitoral dele foi feita em 2020, quando se tornou suplente para a legislatura passada.
Conhecido como Tonhão Buscariollo, nome inclusive usado por ele nas urnas, o suspeito declarou à Justiça Eleitoral em 2024 que é aposentado e possui 108 mil reais em bens, na soma dos valores de dois lotes ruais (48 mil reais e 50 mil reais) e um carro do modelo Renault Logan avaliado em 10 mil reais.
Ele é foragido no caso do desaparecimento de quatro homens que cobraram dele ele e de seu filho, Paulo Ricardo Costa Buscariollo, uma dívida de 255 mil reais pela compra de um terreno rural em Icaraíma. Paulo Ricardo, inclusive, foi responsável pela maior doação individual de campanha de Tonhão, no valor de 1.052 reais.
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Ao todo, Tonhão obteve 235 votos de um total de 5.491 registrados em Icaraíma pela Justiça Eleitoral. O montante de votos dele foi superior ao de quatro vereadores eleitos por média ou coeficiente eleitoral, tendo sido o sexto candidato mais votado do município — que possui menos de 8.000 habitantes, segundo dados do IBGE.
Entre as declarações à Justiça Eleitoral, Tonhão chegou a se contradizer, tendo afirmado que possuía ensino médio completo em 2020 e incompleto em 2024. Em 2020, ele também afirmou que possuía uma chácara avaliada em 100 mil reais
Nas informações disponíveis nas redes sociais dele, Tonhão Buscariollo afirma que trabalha em uma empresa chamada Pesqueiro Buscariollo. Não há informações sobre a empresa em suas declarações à Justiça Eleitoral.
Tonhão e seu filho, Paulo Ricardo, estão foragidos desde o dia 5 de agosto, quando a polícia foi alertada sobre o desaparecimento de três amigos, Diego Henrique Afonso, Robishley Hirnani de Oliveira e Rafael Juliano Marascalchi, que haviam sido contratados para cobrar uma dívida da família Buscariollo. O contratante deles, identificado como Alencar Gonçalves de Souza, também está desaparecido.
Segundo informações das autoridades, os três amigos, que trabalhavam irregularmente há pelo menos 13 anos fazendo cobranças de dívidas de modo agressivo e persuasivo, saíram de São José do Rio Preto, em São Paulo, e chegaram a Icaraíma no dia 4 de julho. Enquanto viajavam para o Paraná, os três homens fizeram uma foto no carro e publicaram nas redes sociais.
Os últimos a ter contato com os quatro desaparecidos foram Antônio e Paulo Ricardo Buscariollo. Eles foram ouvidos pela polícia, negaram que a dívida fosse deles, acusando ser de outras pessoas da família e foram liberados. Os investigadores não conseguiram confirmar a versão dada, abriram mandados de prisão preventiva contra eles, mas já não conseguiram encontrar nenhum membro da família.
A principal hipótese das autoridades passou a ser de que pai e filho tenham matado os quatro homens, já que nenhum contato ou pedido de resgate foi feito até agora. “Todos os fatores apontam para a prática de homicídio. Por isso, está sendo tratado assim, mas não podemos descartar nenhuma hipótese por cautela, até que se encontrem corpos ou haja uma confissão”, disse o delegado.

Desde então, os agentes têm procurado tanto pelas quatro vítimas desaparecidas quanto pelos suspeitos. As buscas foram feitas em terra, por rios e até mesmo em bunkers que existem na região, sem sucesso. O carro dos cobradores também foi apreendido e deverá passar por perícia.
Em nota, a polícia afirma que dá continuidade às investigações, com oitivas, busca por imagens de câmeras de segurança, checagem de informações que chegam de forma anônima, além de medidas cautelares junto ao Poder Judiciário para obtenção de dados de interesse das investigações. No entanto, o teor das ações e seus resultados seguem em segredo para a divulgação não atrapalhar as ações das autoridades.