A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), que foi presa por autoridades italianas na terça-feira, 29, está na ala feminina da Penitenciária de Rebibbia, em Roma. Considerado o maior do país, recebe homens e mulheres, o que inclui pessoas de alta periculosidade, como mafiosos e terroristas. O presídio é composto de quatro alas — sendo três para homens e apenas uma para mulheres. Conhecida como Casa Penitenciária “Germana Stefanini”, tem espaço para 275 pessoas disponíveis à Justiça, mas acima da capacidade atual com 369 mulheres, segundo dados do Ministério da Justiça.
O complexo prisional existe desde 1946 e a ala feminina foi construída nos anos 1950. As ampliações ocorreram até 1992, quando a quarta ala foi entregue pelo governo italiano. Em um dos espaços destinados aos homens, há registro da prisão de Giovanni Brusca, da Cosa Nostra, responsável por matar o juiz antimáfia Giovanni Falcone, em 23 de maio de 1992. Conhecido como “porco” e “o matador de pessoas”, ele permaneceu em Rebibbia por mais de duas décadas, mas foi solto depois de cumprir sua pena.

No complexo prisional, outro mafioso perigoso foi transferido para Rebibbia. Trata-se de Pasquale Scotti, apontado como um dos chefes da Nuova Camorra Organizatta. Condenado por mais de vinte homicídios na Itália, Scotti foi preso na zona oeste do Recife em 2015. Depois, foi extraditado para o país de origem. No Brasil, se apresentava como empresário, tinha CPF e título de eleitor com nome falso de Francisco Visconti.
Zambelli foi condenada a dez anos de prisão por financiar uma tentativa de invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Antes de os seus recursos terminarem de ser julgados, ela deixou o país e foi para a Itália, país do qual tem cidadania. A movimentação foi anunciada publicamente pela própria deputada no dia 3 de junho. A Justiça brasileira reagiu, expedindo um mandado de prisão em seu nome. Além disso, as redes sociais de Zambelli foram suspensas e o nome dela foi incluído na lista de pessoas procuradas pela Interpol.
A prisão de Zambelli em Roma ocorreu com a colaboração do deputado italiano Angelo Bonelli, que disse ter descoberto o paradeiro da deputada e enviado o endereço dela às autoridades italianas, que a prenderam.

Já o delegado Andrei Rodrigues, chefe da PF brasileira, afirmou que a prisão só foi possível por conta da cooperação estabelecida entre os dois países e que a deputada passará por um processo de extradição. Anteriormente, quando já estava na Itália, Zambelli citou em documentos as condições das prisões brasileiras e que não sobreviveria no cárcere.