O Fórum de Lisboa chega à sua 13ª edição este ano. Organizado pelo Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP), pelo Lisbon Public Law Research Centre (LPL), da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa (FDUL), e pelo Centro de Inovação, Administração e Pesquisa do Judiciário (FGV Justiça), o evento ocorrerá na FDUL nos dias 2, 3 e 4 de julho, sob o tema “O Mundo em Transformação — Direito, Democracia e Sustentabilidade na Era Inteligente”.
Participei como palestrante em duas edições e pude constatar, de perto, a qualidade do temário e o alto nível dos convidados — elementos que explicam o sucesso crescente da iniciativa. Êxito atrai êxito: o Fórum tornou-se um polo de atenção institucional, reunindo autoridades dos três Poderes, acadêmicos de prestígio e profissionais influentes do direito e das políticas públicas.
Importa destacar, contudo, que o Fórum de Lisboa não é um caso isolado. Há, atualmente, quase uma dezena de fóruns com densidade temática e institucional similar, promovidos por institutos de pesquisa, universidades e veículos de comunicação. Devo, inclusive, destacar a excelência de eventos que reúnem autoridades e especialistas, realizados pelos jornais O Estado de S. Paulo, Valor Econômico e O Globo, a revista Veja e o site jurídico Migalhas, entre outras entidades. São ações que, assim como o Fórum de Lisboa, contribuem para qualificar o debate público e incentivar a interlocução entre diferentes setores da sociedade.
Curiosamente, porém, os eventos organizados por veículos de imprensa raramente enfrentam críticas — o que sugere, em certos casos, uma seletividade na forma como julgamentos públicos são formulados. De modo geral, as críticas direcionadas ao Fórum dizem respeito não ao conteúdo dos debates, e sim a eventos sociais realizados paralelamente ou, ainda, a eventuais mordomias oferecidas a participantes. No caso do Fórum de Lisboa — como em outros —, as críticas parecem concentrar-se mais no que o evento simboliza do que naquilo que, efetivamente, representa em termos de conteúdo e contribuição institucional.
A existência de eventos paralelos não compromete a legitimidade do Fórum, nem implica, por si só, desvios de conduta. Tampouco o êxito de público e a repercussão devem ser tratados como indício de algo indevido. A crítica genérica, quando movida por preconceito, ressentimento ou oportunismo, perde força analítica e obscurece o mérito real das iniciativas.
O que se exige é discernimento. Cabe às autoridades e aos participantes distinguir, com clareza, relações profissionais de relações pessoais — como, aliás, se espera de qualquer agente público, em qualquer ambiente. Condutas inadequadas devem ser apuradas e, se confirmadas, devidamente condenadas. Mas é preciso evitar que o juízo sobre um evento se converta em julgamento moral difuso ou arma retórica para deslegitimações seletivas.
O Fórum de Lisboa continuará a ser, como tem sido, um espaço legítimo e relevante de discussão sobre os grandes temas do nosso tempo — e esse mérito deve ser reconhecido com justiça.