A reta final do processo criminal contra Jair Bolsonaro foi tema da análise do cientista político Rafael Cortez no Ponto de Vista desta segunda, 17, apresentado por Veruska Donato. Ele explicou que a publicação da ata do julgamento no Supremo Tribunal Federal encerra a fase decisiva dos recursos e deixa o tribunal “pronto” para a etapa que pode culminar na prisão do ex-presidente.
Segundo Cortez, daqui para frente o que resta no plano jurídico “é detalhe”: a defesa apresentará novos recursos, o STF responderá a eles — e, esgotadas as possibilidades internas, os advogados tentarão recorrer a organismos internacionais. Nada disso, porém, tem potencial de impedir a conclusão do processo no Brasil.
A expectativa, afirma o analista, desloca-se agora para questões práticas: para onde Bolsonaro irá, caso o Supremo determine o cumprimento da pena? Em regime fechado? Haverá transição para domiciliar por idade ou saúde?
Como isso afeta a política?
Para Cortez, o impacto político já está definido: o país caminha para a manchete de que “o ex-presidente foi para a prisão”. A partir daí, a repercussão será inevitável — especialmente no campo da direita, que enfrenta simultaneamente outras pressões judiciais.
Ele lembra que a chamada polarização brasileira está “torta”: há dois polos, mas um deles — o bolsonarismo — não tem seu líder com direitos políticos. Isso produz um vácuo que ninguém conseguiu ocupar.
Quem pode herdar o espaço de Bolsonaro?
O cientista político aponta que o xadrez da direita mistura projetos partidários e disputas familiares. Eduardo Bolsonaro, que se coloca como pré-candidato, enfrenta obstáculos jurídicos ainda maiores após o voto da ministra Cármen Lúcia que o tornou réu por coação no curso do processo envolvendo o pai.
Diante desse cenário, cresce especulação sobre a possibilidade de Flávio Bolsonaro assumir o papel de nome viável para 2026.
A semana mais difícil da direita?
Cortez amarra os três elementos que tensionam o campo conservador nesta semana: O julgamento de Bolsonaro; O avanço do processo contra Eduardo Bolsonaro; A votação do projeto de lei antifacção na Câmara.
Tudo isso, diz ele, pressiona o grupo a tomar decisões mais rápidas — e mais estratégicas — sobre 2026.
O que Bolsonaro decidirá?
A questão central, segundo Cortez, é como Bolsonaro reagirá caso seja enviado ao regime fechado:
“Ele vai se sentir mais vulnerável e fazer uma escolha eficiente, pensando no resultado eleitoral? Ou vai optar por alguém que preserve seu legado político, mesmo que não seja o nome mais competitivo?”
É essa resposta que, na visão do analista, definirá o futuro da direita — e talvez o da eleição presidencial.