counter Sophie Ellis-Bextor abraça a idade em novo álbum: ‘Gosto de envelhecer’ – Forsething

Sophie Ellis-Bextor abraça a idade em novo álbum: ‘Gosto de envelhecer’

Aos 46 anos, a popstar inglesa Sophie Ellis-Bextor passa por renascença na carreira internacional sem ter orquestrado o motivo por trás do fenômeno. O repentino sucesso global de Murder on the Dancefloor — faixa disco que ela lançou em 2001, aos 22 — partiu do uso da canção no clímax irônico do thriller Saltburn (2023), que encantou todo um novo contingente de ouvintes. Lançado pelo serviço Prime Video ao redor do globo e indicado a diversos prêmios, o filme chamativo garantiu que Bextor extrapolasse a influência ora limitada do pop britânico e chegasse até a parada mais disputada do Estados Unidos, a Hot100. Mesmo assim, a cantora aproveitou a oportunidade para se mostrar satisfeita onde está: mãe de cinco filhos próxima à quinta década de vida e à terceira de carreira. Ao lado de produtores badalados de seu país, como Mnek, ela criou seu oitavo disco e decidiu intitulá-lo em homenagem ao período que antecede a menopausa.

Com Perimenopop — do qual cinco faixas já foram lançadas —, ela enfrenta de cara o etarismo ao mesmo tempo em que argumenta a favor do pop descompromissado, determinada a comemorar a boa fase que vive sem ter que provar algo a qualquer ouvinte. Em entrevista a VEJA, ela conta como tem sido dialogar tão intensamente com uma canção lançada há 24 anos, opina sobre os elementos por trás do sucesso de uma faixa dançante e detalha o processo criativo por trás do disco, que chega às plataformas de streaming em 12 de setembro. 

Como tem sido a vida após o sucesso renovado de Murder on the Dancefloor? É pura alegria. Amo o que faço e tenho estado feliz e ocupada pelos últimos 20 anos, dos quais fazem parte várias reviravoltas tão gratas quanto inesperadas. O que aconteceu com Murder é o capítulo mais recente e fiz questão de aproveitá-lo ao máximo, tanto para me divertir quanto para usufruir das oportunidades. Eu já planejava fazer esse álbum, mas o efeito abriu portas para mim com ótimos colaboradores que, antes, talvez não conseguissem me encaixar na agenda. 

A música retornou às rádios, às paradas do streaming e às pistas de dança muito além dos confins do Reino Unido. Testemunhar a repercussão a inspirou a mergulhar na dance music e no pop de discoteca? Não, não sou muito boa em racionalizar minha música, tenho que compor com o coração. Eu já sabia que queria fazer um álbum de disco pop por que meu último trabalho foi mais introvertido, feito durante a pandemia, com um som mais psicodélico. Já pensava: “certo, o próximo será extrovertido, de volta à pista”. Já havia começado a ir atrás de colaboradores, mas o sucesso de Murder acelerou tudo e me deixou cheia de adrenalina e energia. Tudo isso foi parar na música.

Continua após a publicidade

O nome Perimenopop, claro, é um trocadilho com “perimenopausa”. O quadro realmente a inspirou artisticamente, ou este é só seu jeito de abraçar a própria idade? Exatamente, estou acenando à minha idade e me divertindo com essa fase da vida. É comum, especialmente na música pop, que a idade seja pouco falada ou sequer bem-vinda à discussão. Já eu gosto de envelhecer e de acumular experiência, quero me abrir a essa conversa, não tenho timidez quanto a isso.

Já sentiu o etarismo dentro da indústria? A primeira vez que o senti foi há muito tempo, quando estava chegando perto dos 30 e tinha tido dois filhos. Queriam me convencer de que eu não devia mais, necessariamente, contar com minha carreira pop. De maneira mais pessoal, dialoguei com essa questão ao longo do último ano, quando Murder se tornou um grande hit novamente. Ao cantar e pensar sobre essa música, estava entrando em contato com quem eu era quando a gravei em 2001. É bom me permitir não ser mais aquela garota. Sou uma mulher de 46 anos, mãe de cinco filhos, prestes a lançar meu oitavo álbum. Me orgulho disso e me orgulho dos anos, então penso “que seja”. Não acho que a maioria das pessoas se importa com a idade dos artistas que escuta. É uma ideia, não uma realidade. 

Continua após a publicidade

As canções novas são leves, animadas e atemporais. É proposital que o disco tenha um título tão enfático, mas discorra pouco sobre questões da meia-idade? Me pareceu totalmente justo inverter o esperado e me mostrar muito feliz, confiante e positiva. Intencionalmente criei algo que faz com que eu me sinta melhor, como um pico de dopamina. É o que a música pop faz por mim de qualquer jeito e estava me sentindo muito bem. Fiz esse álbum dentro de um ambiente saudável e feliz. O escrevi em casa enquanto as crianças e os gatos corriam.

Depois de sucessos recentes como Renaissance, de Beyoncé, e Brat, de Charli xcx, a música eletrônica dançante voltou ao zeitgeist do pop. Como alguém que nunca a abandonou, o que diria que faz um hit eficaz para as pistas? Suponho que, do meu ponto de vista, é muito básico: se estou criando uma música pop para provocar as pessoas a dançarem, ela tem que exercer o mesmo efeito em mim dentro do estúdio. Mesmo que sejam só dois ou três de nós na gravação, temos que estar dançando, sentindo aquela energia, ou não a transmitiremos para mais ninguém. Além disso, acho que existe algo místico, como no éter, que está fora do controle humano. O que se pode fazer é juntar alguns elementos, mas no fim é necessário que algo inefável seja capturado porque a cultura das boates se ergue de baixo para cima. As pessoas votam com os pés. Depois da alquimia, é preciso que o vento sopre na direção favorável para chegar lá.

Acompanhe notícias e dicas culturais nos blogs a seguir:

  • Tela Plana para novidades da TV e do streaming
  • O Som e a Fúria sobre artistas e lançamentos musicais
  • Em Cartaz traz dicas de filmes no cinema e no streaming
  • Livros para notícias sobre literatura e mercado editorial
Publicidade

About admin