Depois de decisões de ministros do STF a pedidos de habeas corpus, a cúpula da CPMI do INSS espera que três dos seis convocados a depor nesta quinta-feira de fato apareçam na comissão, ao mesmo tempo em que negocia novas datas para ouvir as demais testemunhas.
Devem ir ao colegiado nesta quinta os empresários Rubens Oliveira e Milton Salvador de Almeida Junior, apontados como sócios de Antônio Carlos Camilo Antunes, o “Careca do INSS”, e o advogado Nelson Wilians, alvo de busca e apreensão da PF na última sexta.
Por decisão dos ministros Luiz Fux e Nunes Marques, do STF, Oliveira e Wilians obtiveram habeas corpus que os autoriza a ficar em silêncio na comissão de inquérito, mas não os exime de comparecer à CPMI.
Com a reunião marcada para as 9h, a ordem dos depoimentos ainda não foi definida, mas, segundo a assessoria do presidente da CPMI, senador Carlos Viana (Podemos-MG), cada um dos convocados será ouvido individualmente.
Tânia Carvalho e Romeu Carvalho Antunes, esposa e filho do “Careca do INSS”, e Cecília Montalvão, esposa do empresário Maurício Camisotti, do THG, além do próprio Nelson Wilians, pediram ao Supremo que o comparecimento à CPI mista fosse opcional, assim como ocorreu na semana passada a dupla presa pela Polícia Federal.
O ministro André Mendonça rejeitou o pedido, e, como foram convocados na condição de testemunhas, todos terão de comparecer ao colegiado.
Esquema familiar
Ao Radar, o vice-presidente da CPMI do INSS, deputado Duarte Júnior (PSB-MA), declarou que Tania e Romeu, esposa e filho do “Careca do INSS”, não foram convocados a depor à comissão pelo laço familiar com o operador do esquema de descontos ilegais, mas, sim, porque “são partícipes dessa organização criminosa”.
Com base em informações recebidas pela CPMI, o parlamentar afirmou que Tania comprou uma casa no Lago Sul de Brasília, região mais nobre da capital federal, pagando, à vista, 3 milhões de reais em dinheiro vivo, movimentação classificada como atípica pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).
Já Romeu é, de acordo com dados em posse da CPMI, sócio do “Careca do INSS” em três empresas que receberam depósitos de cerca de 50 milhões de reais de associações investigadas logo depois de as entidades aplicarem descontos fraudulentos nas contas de aposentados e pensionistas.
Também está convocada para depor ao colegiado nesta quinta-feira Cecília Montalvão Queiroz, casada com o empresário Maurício Camisotti, que é sócia da Benfix Corretora de Seguros.
“Essa empresa prestou serviços de tecnologia, de informatização, para todas essas associações, que foi condição sine qua non para a maior eficiência dos descontos ilegais, imorais e sem qualquer autorização das contas dos aposentados e pensionistas em todo o Brasil”, declarou o vice-presidente da comissão de inquérito.