O sobrinho de Yasser Arafat, primeiro presidente da Autoridade Palestina (AP), retornou à Cisjordânia nesta terça-feira, 14, após quatro anos de autoexílio na França. Nasser al-Qudwa foi expulso do partido político Fatah, considerado a maior facção da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), após compor uma lista independente nas eleições legislativas em 2021. Desafiado, o atual presidente da AP e líder do Fatah, Mahmoud Abbas, cancelou a votação e destituiu al-Qudwa.
“O primeiro dever… é recuperar a confiança das ruas — algo que perdemos — e temos que ser corajosos o suficiente e dizer que não a temos mais, e sem ela, francamente, é inútil”, afirmou ele à agência de notícias Reuters, também apelando para que haja “um sério enfrentamento da corrupção.”
O retorno de al-Qudwa ocorre em meio à implementação do plano de 20 pontos do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A próxima fase do acordo, sem previsão de data de início, prevê o desarmamento do Hamas e a criação de um comitê tecnocrático palestino supervisionado internacionalmente, sob comando de Trump, para administrar Gaza. Acredita-se que o sobrinho de Arafat possa assumir um papel na governança, muito em razão dos seus laços com países árabes, contato com o Hamas e conhecimento sobre Gaza.
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“Se precisarem de mim, não vou hesitar”, disse al-Qudwa, 72 anos, nascido em Khan Younis, ao sul do enclave.
Ele também defendeu a transformação do Hamas em um partido político e apelou para que o grupo radical receba garantias de “que ninguém virá atrás deles, que alguns desses funcionários terão outra oportunidade, que eles não serão assassinados, que haverá uma oportunidade para eles participarem da vida política”.
Sobre o futuro do enclave, opinou que um “conselho de comissários” palestinos poderia governar Gaza e que Abbas poderia nomear um líder, mas destacou que não estava propondo o “retorno da Autoridade (Palestina) como está”. Embora tenha definido como “ótima” a ideia de uma supervisão internacional, al-Qudwa reiterou a importância de eleições locais e de que o território seja liderado por palestinos.